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Ex-chefes do Khmer são condenados no Camboja
Regime comunista fez 1,7 milhão de mortos
O Tribunal Internacional do Camboja condenou à prisão perpétua, nesta quinta (7), dois ex-líderes do Khmer Vermelho por crimes contra a humanidade.
É a primeira sentença contra a cúpula de um regime que dirigiu o país asiático entre 1975 e 1979 e causou 1,7 milhão de mortes.
Os condenados são o ideólogo e número 2 da organização comunista, Nuon Chea, 88, e o ex-chefe de Estado do regime, Khieu Samphan, 83. Ambos negaram as acusações contidas no processo, que está em sua primeira fase.
"Milhões de pessoas foram vítimas de um ataque global e sistemático que seguia as políticas e planos do partido", disse o juiz Nil Nonn na leitura da sentença, transmitida ao vivo pela internet.
O juiz considerou os acusados culpados de crimes contra a humanidade, extermínio, assassinato, perseguição política e deslocamentos e desaparições forçadas.
Essa fase do processo serviu para julgar os deslocamentos forçados de Phnom Penh, a capital do país, e o envio de populações urbanas para campos de trabalho coletivo em zonas rurais.
Foram julgadas também execuções de soldados republicanos feitas pelo Khmer Vermelho depois que o regime tomou o poder, em 1975.
"Aproximadamente 2 milhões de pessoas foram transferidas à força de Phnom Penh sob falsos pretextos, ameaçadas pelas armas", disse Nil Nonn.
Os promotores classificaram o dia de ontem como "histórico".
DEFESA
O juiz rejeitou os argumentos da defesa, que atribuiu a ordem de retirada ao risco de bombardeios por parte dos EUA e à falta de alimentos
O chefe do Khmer Vermelho, Pol Pot, morreu em 1998, numa floresta no norte do país, após se tornar prisioneiro dos próprios correligionários.
A defesa dos ex-líderes do Khmer Vermelho anunciou, logo após a sentença, que apresentará recursos de apelação e um pedido de impugnação dos juízes.
O advogado de Nuon Chea disse que o seu cliente já esperava por essa sentença e questionou a integridade dos juízes.