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Obama prevê ação duradoura no Iraque

Situação no país árabe, que estava fora da agenda dos partidos desde 2011, volta à discussão política americana

Presidente dos EUA diz que ataques do Exército americano ao grupo radical Estado Islâmico podem 'durar meses'

ISABEL FLECK DE NOVA YORK

A missão militar americana no Iraque, iniciada na última sexta-feira (8) com ataques aéreos contra o grupo radical Estado Islâmico, pode "durar meses".

A previsão foi dada pelo presidente Barack Obama, neste sábado (9), antes de sair de férias por duas semanas com a família.

O democrata, que já havia justificado os bombardeios pela iminência de um "genocídio" curdo e para a proteção de americanos servindo no país, ressaltou a necessidade de um "projeto a longo prazo", que garanta ao Iraque o tempo para construir um governo unificado.

"Não acho que vamos resolver esse problema em semanas", disse. "O prazo mais importante agora é até que o governo iraquiano esteja formado e concluído."

Para ele, é preciso que milhões de sunitas iraquianos também se sintam parte do governo ""e não apoiem o avanço do sunita Estado Islâmico"" e que haja uma aliança com os curdos.

Ao dar sinal verde para os ataques aéreos, na última semana, Obama ""que, em 2002, classificou a guerra no Iraque como "estúpida" e, em 2011, celebrou a retirada dos soldados do país"" assumiu um alto risco político.

Apesar de Obama reforçar que não pretende enviar de volta soldados ao Iraque, a nova previsão sobre o cronograma da ação militar deve incomodar a ala mais liberal do Partido Democrata.

Na última sexta, o deputado democrata John Garamendi já alertava para o "terreno escorregadio" em que Obama estava colocando o país. "Onde isso vai acabar, acho que nenhum de nós sabe."

Entre os republicanos, o pedido era justamente por uma estratégia de longo prazo. O senador John McCain, hoje um dos principais opositores da política externa de Obama, no entanto, ainda criticou o democrata no sábado por sua não fazer o suficiente para conter "a mais poderosa organização terrorista da história".

IMPOPULAR

Uma pesquisa CBS/New York Times realizada em junho reforçou como a impopularidade da guerra no Iraque só cresceu com o tempo.

Enquanto em agosto de 2003 46% dos americanos achavam que ela valia o seu custo, hoje 75% acreditam que não valeu. Pela mesma pesquisa, 43% disseram apoiar ataques com aviões tripulados e apenas 19% apoiam um reenvio de tropas.

Com o avanço do grupo radical sunita, o presidente já se viu obrigado a anunciar o envio, nos últimos dois meses, de 600 militares ao Iraque para garantir a segurança dos funcionários de representações americanas.

Para o o especialista Benjamin H. Friedman, do liberal Instituto Cato, Obama também não poderá "simplesmente parar depois que começou os ataques". "Vai haver mais pressão para que os ataques continuem se os rebeldes seguirem avançando", afirma.

Stephen Walt, da Universidade Harvard afirma não haver uma "saída fácil" após o início dos bombardeios. "Não há uma solução rápida no Iraque, e uma interferência externa também não deve ajudar", diz.

Ninguém questiona a emergência humanitária diante do cerco, pelos radicais sunitas, a uma minoria curda, os yazidi, numa montanha do norte do país na última semana. Uma das razões apontadas para o bombardeio era permitir que comida e água chegassem ao grupo.

Outra era blindar a capital do Curdistão, Irbil. "Os ataques são, então, consistentes com a segurança nacional americana, já que o governo regional do Curdistão é os único que pode evitar que o Estado Islâmico conquiste todo o norte do Iraque", afirma Daniel Serwer, especialista da Universidade Johns Hopkins.

Para Elliott Abrams, ex-vice conselheiro de segurança nacional de Bush, a decisão de Obama foi "inteligente", mas o democrata teria usado "dois pesos e duas medidas" nos casos de Iraque e Síria. "Ele ainda não justificou sua inação na Síria, onde 160 mil morreram."

Apesar das críticas, os especialistas são unânimes em minimizar os impactos da ação nas eleições para o Congresso, em novembro. "Mas é possível que os ataques façam com que alguns liberais não se animem a votar", diz Abrams.


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