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Países africanos utilizam 'cordão sanitário' para tentar conter ebola

Área de isolamento ficará entre Guiné, Libéria e Serra Leoa, onde doença matou mais de mil

Região sofre com falta de alimentos; medida, embora não usada há 96 anos, pode dar certo, dizem especialistas

DONALD G. MCNEIL JR. DO "NEW YORK TIMES"

O surto de ebola no oeste da África está tão fora de controle que os governos dos três países mais afetados estão usando cordão sanitário, que não era aplicado há 96 anos.

A estratégia consiste em cercar a área infectada e impedir que as pessoas saiam dela. Os cordões não são usados desde 1918, quando a fronteira entre a Polônia e a União Soviética foi fechada para evitar o avanço do tifo.

A medida tem potencial para se tornar brutal e desumana. Séculos atrás, em sua forma mais extremas, as pessoas eram deixadas para morrer ou sobreviver até que o surto terminasse.

Os planos foram anunciados no dia 1º, durante reunião entre os governos de Guiné, Serra Leoa e Libéria em Conacri, capital guineana.

A ideia era isolar uma área triangular onde os três países se encontram, separados apenas por fronteiras porosas, e onde 70% dos casos de ebola conhecidos até então tinham sido encontrados.

Em seguida, as tropas começaram a fechar estradas na Libéria e em Serra Leoa, na semana passada.

A epidemia começou no sul da Guiné em dezembro, mas há cada vez menos novos casos no país.

Na segunda (11), havia 1.975 casos e 1.069 mortes na região, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Para funcionários da entidade, a tática pode ajudar a conter o surto, mas deve ser usada de forma humanitária.

"Pode dar certo", diz Martin S. Cetron, especialista-chefe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças. "Mas tem um grande potencial para dar errado se não for feito com abordagem ética".

Em Serra Leoa, grandes partes dos distritos de Kailahun e Kenema foram cortadas por barreiras militares. Soldados verificam documentos e medem a temperatura de quem entra ou sai.

Na Libéria, restrições semelhantes foram impostas ao norte da capital, Monróvia. Os moradores das regiões cercadas temem passar fome devido ao aumento dos preços dos alimentos.

"Quando cordões são impostos, os direitos humanos devem ser respeitados", diz Gregory Hartl, porta-voz da OMS, que na semana passada chamou o surto de emergência de saúde global.

A agência atuará com o Programa Mundial de Alimentos e outras agências para verificar que alimentos e suprimentos entrem na área.

Funcionários da OMS que participaram da reunião em Conacri não assinaram o plano do cordão, mas não se opuseram à medida.

Houve cerca de 20 surtos de ebola na África desde a descoberta do ebola, em 1976.

Todos os anteriores foram combatidos com o envio de equipes de saúde americanas ou europeias e a montagem de hospitais de campanha, onde todas as vítimas eram colocadas em quarentena.

As equipes assumiam os enterros, a desinfecção e o ensacamento de corpos. Eles rastreavam todos os contatos de vítimas conhecidas e hospitalizavam quaisquer pessoas que estivessem doentes.

Desta vez, porém, o surto se espalhou rapidamente entre os três países vizinhos, todos fragilizados por crises políticas e guerras civis. Nenhum tinha registrado um surto de ebola, e a resposta global inicialmente foi lenta e inadequada.

Equipamentos de proteção acabaram rapidamente, deixando médicos locais serem contaminados.

Agora, dizem os especialistas, a epidemia é muito grande para controlar com a velha tática. O rastreamento de contatos requer muitos profissionais de saúde, porque qualquer vítima ""especialmente uma enfermeira ou um comerciante"" pode ter tido contato físico com dezenas de pessoas.


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