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Entrevista

Resposta do Brasil não foi suficiente, afirma ativista

CAROLINA LINHARES FÁBIO ZANINI DE SÃO PAULO

Para o ativista britânico Ben White, o Estado de Israel é uma democracia só para os judeus.

À Folha ele, que fez dois livros sobre a questão e colabora com o jornal britânico "Guardian" e a rede Al Jazeera, disse que o Hamas não é um grupo terrorista.

White está no Brasil para uma série de palestras. Ele diz que a resposta do Brasil ao conflito na faixa de Gaza poderia ser mais efetiva do que um pronunciamento diplomático.

Folha - Por que o sr. considera que Israel tem uma situação de apartheid?
Ben White - Em Israel, as leis impõem uma discriminação entre cidadãos judeus e cidadãos palestinos --mais de 20% da população. As pessoas têm ou não acesso a direitos de acordo com seu grupo. Israel é uma democracia para judeus e um Estado judaico para não judeus, embora diga que é ao mesmo tempo um Estado judaico e democrático.

Pode dar um exemplo?
Há quase uma década, existe uma lei que separa maridos e mulheres palestinos em Israel. A lei diz que um cidadão israelense não pode ter seu cônjuge vivendo como residente em Israel se esse cônjuge for um palestino da Cisjordânia ou da faixa de Gaza.
Israel diz que não pode dar residência aos palestinos da Cisjordânia e de Gaza pelo casamento porque eles podem entrar no país para cometer atos terroristas.
Porém, a ideia real dessa lei é a separação. É para não deixar que a proporção de palestinos em Israel cresça. Os palestinos são vistos como uma ameaça demográfica ao Estado judaico.

Os cidadãos palestinos de Israel são bem representados?
Eles têm uma condição melhor do que aqueles que têm somente a residência, os moradores de Jerusalém Oriental, ou que não têm cidadania, como os da Cisjordânia, que vivem sob regras militares. Ou ainda os que vivem como refugiados em outros países.

A comunidade internacional vê o Hamas como um grupo terrorista. O sr. concorda?
Há uma ocupação militar que está sendo combatida com armas pela população que sofre a ocupação. Por isso, resisto a usar o termo terrorista, mas não se trata de justificar as ações armadas [do conflito].

O que o sr. diz da acusação de que é antissemita?
A acusação de antissemitismo é usada contra pessoas críticas a Israel e que mostram solidariedade aos palestinos --e eu não sou uma exceção. Falar de antissemitismo para responder a críticas é uma forma de prevenir o debate e deixar as pessoas com medo de falar. A luta palestina é anticolonial e antirracista. O antissemitismo não deveria ter espaço na solidariedade aos palestinos.
No Reino Unido, me perguntam porque destaco Israel se há há abusos na China ou na Arábia Saudita.
Mas Israel já está destacado pelo Ocidente, que o apoia diplomaticamente e o deixa violar leis internacionais. Israel deveria ser tratado como outros países que violam direitos.

O que achou da resposta diplomática do Brasil ao conflito em Gaza?
Eu sou do Reino Unido, meu governo constantemente apoia os ataques israelenses. A resposta do Brasil e da América do Sul foi bem melhor do que de outros países, mas não foi suficiente.
A opção de embargo de armas não foi usada. A resposta diplomática é boa, mas no fim é só um pedaço de papel.


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