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'Para China, somos piores que a Al Qaeda'

DO ENVIADO A HONG KONG

A interferência de Pequim coloca em risco a fórmula "um país, dois sistemas", que permite a Hong Kong ter liberdades impensáveis na China continental. O alerta é de Emily Lau, 62, líder do Partido Democrático de Hong Kong.

Folha - A eleição de 2017 para chefe do governo será a primeira pelo voto direto. Não é algo a ser valorizado?
Emily Lau - O sistema anunciado por Pequim fecha as portas ao sufrágio universal. O que propuseram, mesmo com muita imaginação, não dá para ser considerado uma eleição democrática. O comitê que nomeará os candidatos é dominado pela comunidade de negócios, ligada a Pequim. Como a eleição pode ser democrática?
Não nasci ontem. Claro que eu fiquei surpresa. Sei que Pequim é muito difícil e autoritária. Mas muita gente aqui ficou decepcionada, principalmente os mais jovens. Vi gente chorando. Tinham esperanças e foram estraçalhadas. Pequim prometeu sufrágio universal e não cumpriu. Há mais de 20 anos eu estou proibida de botar os pés na China continental. Pareço Al Qaeda? Para eles eu sou pior que terrorista, porque falo o que penso.

O governo chinês disse que em 17 anos Hong Kong conquistou mais democracia do que em um século e meio de domínio britânico.
É verdade. Os britânicos são uma desgraça. Mas naquela época Hong Kong era uma colônia, hoje somos uma região com alto grau de autonomia, sob o principio de "um país dois sistemas". Então por que comparar com uma colônia? A China prometeu sufrágio universal, queremos é que eles cumpram a promessa.

Há o risco de uma reação violenta de Pequim em Hong Kong, como no massacre da praça da Paz Celestial, em 1989?
Em se tratando de Pequim, tudo é possível. Embora Hong Kong não seja uma democracia, é o lugar mais livre da República Popular da China, isso é algo que valorizamos muito. O que temos em termos de liberdades civis e transparência é mais do que muitos países democráticos. As pessoas estão muito preocupadas, porque há uma erosão nos valores básicos. Nesses 17 anos desde a transição [do domínio britânico], se não tivéssemos lutado talvez não teríamos o que temos.

Quais os próximos passos?
Não vamos ocupar bancos ou algo assim. Não é nossa intenção paralisar a economia. Nós convocamos as pessoas a vir, se manifestar, ser presas se for o caso. Depois teremos outra e mais outra. Martin Luther King foi preso mais de 30 vezes. Não queremos violência, mas vamos mostrar nossa raiva.

Leia íntegra
folha.com/no1512002


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