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Contra ebola, Serra Leoa confina população
Medida deverá durar três dias; 491 pessoas já morreram em epidemia no país africano
O governo de Serra Leoa decidiu confinar a população em casa durante três dias, de 19 a 21 de setembro, para tentar conter o surto de ebola.
"A medida deve ser rigorosamente respeitada, sem exceção", afirmou o porta-voz do governo, Abdulai Barratay. Pedestres e veículos não poderão transitar pelas ruas do país, exceto os que atendem a serviços essenciais.
As autoridades em Freetown usarão esses três dias para procurar os pacientes que não se apresentaram nos centros de tratamento da doença, segundo a agência de notícias AFP.
"Profissionais de saúde, assim como os funcionários de ONGs ligadas à saúde, irão de casa em casa conferir se pacientes com ebola estão sendo escondidos por parentes", explicou.
Bayratay disse que novas ambulâncias e mais de 30 veículos militares devem ser usados na ação.
Uma força-tarefa formada por 7.000 pessoas, entre profissionais de saúde, ativistas e membros comunitários, está pronta para organizar a ação de paralisação, informou o comunicado da presidência em Freetown.
"A missão será a de monitorar e rastrear contatos, assim como identificar pessoas com sintomas do ebola, prevenindo sua transmissão", disse o comunicado.
Policias e soldados foram convocados para assegurar a quarentena nas áreas mais afetadas do país, um dos mais atingidos pelo surto de ebola no oeste da África, ao lado de Guiné e Libéria. Foram registrados 491 mortes e 1.216 casos em Serra Leoa desde o início da epidemia, em março.
O plano se segue ao anúncio da OMS, na sexta (5), de que houve 2.105 mortes e quase 4.000 casos no continente.
A organização Médicos Sem Fronteiras alerta, no entanto, para o perigo da medida drástica, que poderia, na verdade, piorar a epidemia.
"Confinamentos e quarentenas não ajudam a controlar o ebola e quebram a confiança entre as pessoas e os trabalhadores da saúde", afirmou uma porta-voz da ONG. "Isso leva a população a esconder casos potencias, espalhando mais a doença."
LIBÉRIA
Em Monróvia, palco da fuga de um paciente, filmado cambaleando num mercado de rua em busca de comida, a presidente da Libéria é alvo de raiva da população. Moradores aterrorizados disseram que foi o quinto caso de fuga nas últimas semanas.
Para muitos no país, o governo da presidente Ellen Johnson Sirleaf não tem feito o bastante para protegê-los do vírus. "Os pacientes estão com fome, não têm comida ou água", disse uma mulher.
O ebola matou 871 na Libéria, que registrou 1.698 casos.
"Estamos numa situação melhor que a de semanas atrás", afirmou o ministro da Informação, Lewis Brown.
Sirleaf, Nobel da Paz por lutar pelos direitos das mulheres, declarou estado de emergência no mês passado, com fechamento de escolas.