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Minha história - Ivor Mackenzie, 40

Pelo sim

Na véspera do plebiscito sobre a independência, Escócia se divide entre o 'sim' e o 'não', com leve vantagem para os últimos; Ivor Mackenzie defende separação, e Hannah Cook quer ficar como está

LEANDRO COLON ENVIADO ESPECIAL A EDIMBURGO

RESUMO

Nascido no norte da Escócia, Ivor Mackenzie, 40, é a favor da separação do Reino Unido no plebiscito desta quinta-feira (18). Argumenta que o governo britânico, sediado em Londres, não investe no seu país. Aposta que uma Escócia independente será mais forte. Ele trabalha na construção de casas e nas horas vagas toca gaita de fole em frente ao famoso castelo de Edimburgo com roupas típicas.

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Eu já votei para o plebiscito desta quinta-feira (18), e votei pela independência da Escócia.

Enviei meu voto pelo correio, já que as regras aqui permitiam isso, desde que a comissão eleitoral fosse informada até 3 de setembro.

Como estarei ocupado no dia da votação, optei por registrar com antecedência minha vontade pela separação do Reino Unido.

Sou escocês, nunca me senti britânico, posso garantir. Nasci lá no norte da Escócia, cresci nas montanhas das Highlands, perto da cidade de Inverness.

Em 1987, fui para Aberdeen (nordeste da Escócia) estudar. Seis anos depois, mudei para Edimburgo para trabalhar na construção de casas.

Hoje, tenho um salário de 2.500 libras por mês (cerca de R$ 10 mil). Sou casado com uma professora, também escocesa, de 31 anos, e tenho dois filhos, um de 8 e outro de 12.

Nas horas vagas, pego minha gaita, visto a roupa tradicional escocesa e venho aqui para frente do Castelo de Edimburgo tocar.

Os turistas gostam de ouvir e, assim, consigo arrecadar um dinheiro para tomar uma cerveja.

Sinceramente, acho que a independência seria muito melhor para o futuro da Escócia. É a chance de termos de volta o nosso governo, o respeito à nossa cultura e à maneira de pensar o que é bom para os escoceses.

A Escócia sempre foi um grande contribuinte para o orçamento britânico, mas o governo não retorna os investimentos na medida merecida. Resultado: todo foco é voltado para Londres, e aqui ficamos sem bons empregos, salários, em comparação com os de lá.

Eu acho às vezes que Londres está desconectado do resto do Reino Unido, se sente independente.

As pessoas não só da Escócia, mas do Norte da Inglaterra, por exemplo, também querem mais democracia para administrar seus recursos.

Votar pelo "sim" é votar pelo retorno desta democracia por aqui na Escócia.

Estou esperançoso com a vitória. Acho que temos chances. A campanha do "não" usou a tática do medo, ameaçando nos proibir de usar a libra (moeda do Reino Unido) em caso de independência.

Esse é um problema menor, acredito.

Primeiro, quem é inteligente sabe que será preciso manter a libra como moeda escocesa pelo menos no período de transição de uma eventual separação, que seria oficializada em 2016.

Seria a melhor coisa para todos os lados. Depois, a Escócia tem dívidas com o governo em libra.

É muito melhor para Londres mantê-la na mesma moeda. Eu acredito que seja mais uma ameaça deles do que realidade.

Agora, se depois disso, não quiserem que usemos a libra, podemos criar a nossa moeda ou buscar alternativas para dividir uma com outro país, como já ocorreu em casos parecidos.

Durante a campanha do plebiscito, nós dividimos a Escócia e conseguimos garantias de mais autonomia fiscal e orçamentária tanto dos políticos conservadores quanto dos trabalhistas em troca do voto contra a separação.

Mesmo que o "não" vença nas urnas, não será uma derrota do "sim".


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