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Quem matou Alice?

Polícia de Londres confirma que achou corpo de garota de 14 anos desaparecida em agosto; imigrante da Letônia é o único suspeito do crime, que mobilizou a maior operação de busca desde ataques de 2005

LEANDRO COLON DE LONDRES

Na maior operação de busca desde os atentados de 2005, a polícia de Londres confirmou nesta quarta-feira (1º) que encontrou o corpo de Alice Gross, 14, desaparecida desde 28 de agosto.

Cerca de 600 oficiais, envolvendo detetives, peritos, entre outros especialistas, foram escalados para desvendar um caso que chocou a capital do Reino Unido. Até aviões da RAF (força aérea britânica) colaboraram.

O corpo foi encontrado na noite de terça (30), a um metro de profundidade nas margens de um rio perto da ponte onde a imagem da jovem foi registrada pela última vez, exatamente às 16h28 de 28 de agosto, no oeste de Londres.

O caso ganhou repercussão primeiramente pelo mistério que cercou o paradeiro de Alice, já que depois daquele horário nenhuma imagem foi captada pelas câmeras --chamadas "CCTV"-- espalhadas pela região.

Agora, o esforço será para descobrir quem matou a garota. "Trata-se agora de uma investigação de assassinato e precisamos da ajuda de todos para descobrir o responsável", declarou Graham McNulty, chefe da polícia.

Esse tipo de crime foge dos padrões do noticiário de Londres, o que tem levado a imprensa britânica e os próprios moradores a questionar a eficiência da famosa polícia local, a Scotland Yard.

Uma operação policial recorde foi montada, a maior desde a busca de 7 de julho de 2005 realizada para capturar os responsáveis pelos ataques no transporte público que mataram 52 pessoas.

A falta de registros de uma imagem de Alice após às 16h28 de 28 de agosto e a demora em localizar seu paradeiro se somam ao fato de o corpo ter sido achado na mesma área vasculhada nas últimas semanas --a 220 metros, por exemplo, do local onde sua mochila fora localizada depois do desaparecimento.

Diante dos questionamentos, a polícia londrina prometeu dar mais detalhes nesta quinta (2). "Posso confirmar que esforços significativos foram feitos para localizar o corpo", afirmou McNulty, comandante da operação.

A Folha visitou na terça a região do desaparecimento de Alice, no bairro de Ealing, inclusive a ponte onde foi vista pela última vez.

Fitas amarelas e fotos da garota foram espalhadas pelas ruas clamando por sua localização: "Encontre Alice".

"Estamos todos assustados. Eu atravesso a ponte diariamente com meus dois filhos, nunca imaginei que algo pudesse ocorrer aqui", diz a polonesa Magda Piklul, 30, que vive na região.

Após a confirmação de que o corpo identificado era mesmo o de Alice, os pais divulgaram um comunicado no qual declararam estar "devastados".

SUSPEITO

A polícia tem sido ainda cobrada a dar explicações sobre o único suspeito de ligação com a morte da garota: Arnis Zalkalns, 41, um imigrante da Letônia.

As autoridades só passaram a vinculá-lo com o caso depois de 16 de setembro, o que pode ter possibilitado sua fuga.

O suspeito aparece em uma imagem às 16h de 28 de agosto, de bicicleta, em outra ponte que Alice havia atravessado 15 minutos antes.

Zalkalns passou sete anos na prisão de seu país pelo assassinato da mulher em 1998, antes de se mudar para o Reino Unido, em 2007.

Em Londres, vivia num quarto a poucos minutos de onde a garota foi vista pela última vez.

Zalkalns abandonou o local onde morava no dia 3 de setembro, deixando para trás o passaporte --mesmo assim, os investigadores não descartam sua fuga para a Letônia.

No início, a polícia chegou a adotar uma linha de investigação em torno de um suposto ato de rebeldia de Alice, que sofreria de anorexia. Foi após identificar o suspeito que mudou de caminho.

'BIG BROTHER'

A cidade de Londres é uma espécie de "Big Brother" --não há um número exato de câmeras, mas estima-se em mais de um milhão.

Em todo o Reino Unido, a média seria de uma para cada 14 pessoas.

A polícia avalia que 95% dos crimes são desvendados com auxílio de uma CCTV.

Ou seja, um mistério como o que ocorreu de fato com Alice após a última imagem captada é um drama para sua família, ao mesmo tempo em que tem colocado em dúvida a eficácia do sistema de segurança britânico.


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