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Marcos Troyjo

O fim do Brasil?

Concluído o ciclo eleitoral, fala-se em mudança na política econômica, mas pouco de economia política

Todos gostaríamos, daqui a quatro anos, de parodiar Mark Twain e dizer: "Notícias que davam conta do fim do Brasil eram amplamente exageradas".

Estas eleições presidenciais se desenrolam em conjuntura que reforça a tese da "tempestade perfeita".

Barbeiragem na gestão macroeconômica. Fim da liquidez barata para emergentes. Vetores, perigosamente alinhados, que empurraram o Brasil a um processo tardio de ajuste, conduzido não pelas autoridades econômicas, mas pelo tumulto rearranjador do mercado.

É a essa potencial devastação de valor para empresas e indivíduos que se vem chamando de "fim do Brasil". Fincar oposição moral ao mercado é pouco inteligente. Melhor redirecioná-lo do que a ele resistir. O mercado é um advogado da realidade. O fato é que um certo Brasil já teve "fim" há seis anos. Não este Brasil sinônimo de carteira de investimentos, mas o do "sonho brasileiro". Acabou a ilusão de que, numa repaginada da substituição de importações e expansão do consumo, encontramos fórmula de inclusão social e crescimento.

O "modelo brasileiro" não impressiona dentre os ricos. O "soft power" exalado de baixo desempenho socioeconômico deixou de referenciar os emergentes. O país conta, é claro, pelo tamanho comparativo.

O Brasil ainda é o segundo maior mercado emergente. Suas potencialidades --agronegócio, ativos energéticos, empreendedorismo e economia criativa-- são reconhecidas por todos. Por isso o perigo maior ao Brasil vai além do setor financeiro. Cresce na comunidade internacional a percepção de que o peso relativo do país é fator cada vez menos importante de sua ascensão.

Isso porque, concluído o ciclo eleitoral (e excetuando-se o assombroso cenário do "mais do mesmo"), fala-se em mudança na política econômica, mas pouco de economia política.

Muita atenção a juros, moeda e câmbio. Fraco debate sobre política industrial e de comércio. Parecemos magnetizados por uma dupla superficialidade quanto ao nosso rumo à prosperidade. A primeira passa por nome de confiança do mercado financeiro --a simples henrique-meirellização da área econômica nos recolocaria na boa rota. Pela segunda, caberia escolher representante do mundo nos negócios para resolver a "falta de diálogo" com empresários.

Isso já foi tentado com o Conselho Econômico e Social, mas a apresentação unilateral de power points por parte do governo fez que o órgão atolasse na irrelevância.

Eleições são comparáveis a um processo de IPO. Candidatos são empreendedores. Eleitores, o investidor-anjo. Discutir quem será o diretor financeiro ou de relações com o mercado é importante. Mais fundamental, porém, é ter plano de negócios. O país está sem um GPS do futuro. Sem ele, é difícil apertar o botão de "reiniciar" para o Brasil.

mt2792@columbia.edu


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