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Líder de Hong Kong se diz aberto a diálogo

Chefe do Executivo, Leung Chun-ying afirma que não vai renunciar, como exigem manifestantes pró-democracia

Movimento 'Occupy Central' aplaudiu iniciativa do governo, mas insiste que Leung deve deixar o cargo

MARCELO NINIO ENVIADO ESPECIAL A HONG KONG

O chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, afirmou que não renunciará, como exigem os estudantes à frente dos protestos pró-democracia no território, mas disse pela primeira vez que seu governo está disposto a dialogar.

A oferta foi feita em entrevista concedida por Leung pouco antes da meia-noite em Hong Kong (13h de Brasília), o prazo dado pelos estudantes para que ele deixasse o cargo, sob a ameaça de invadirem prédios do governo.

Após dois dias de feriado nacional, em que milhares de pessoas bloquearam as ruas em torno da sede do governo em clima festivo e praticamente sem resistência das autoridades, os manifestantes se preparavam para uma intervenção mais dura da polícia nesta sexta-feira (3), dia útil em Hong Kong.

Máscaras eram distribuídas pelos estudantes, na expectativa de que a polícia voltará a usar gás lacrimogêneo, como no último domigo. A oferta de diálogo não deve dissolver o impasse.

"Não vamos sair daqui, estamos prontos para tudo", disse à Folha o estudante de economia Eugene Lao, 22, afirmando que a ideia é manter os prédios do governo cercados. "O governo só aceitou negociar porque estamos ocupando as ruas. A ameaça de escalada funcionou."

Embora tenha proposto dialogar com os estudantes, Leung afirma que os protestos são ilegais e que as forças de segurança agirão com rigor caso os manifestantes tentem invadir os prédios do governo. Ao longo desta quinta, policiais foram vistos levando equipamentos antidistúrbios, como gás lacrimogêneo e balas de borracha, para a sede do Executivo.

O movimento "Occupy Central", pioneiro da ideia de bloquear o centro de Hong Kong em protesto contra a interferência do governo chinês, aplaudiu a iniciativa do governo de dialogar com os estudantes, mas insistiu em que Leung deve sair.

A Federação de Estudantes de Hong Kong também afirmou aceitar o diálogo, mas reiterou o pedido de renúncia, pelo fato de Leung "ter perdido a integridade".

O motivo principal dos protestos é forçar o governo chinês a rever a decisão de impor restrições à eleição direta do próximo chefe do Executivo, marcada para 2017. Eles acusam Pequim de ter quebrado a promessa de permitir o sufrágio universal na antiga colônia britânica, que voltou ao controle chinês em 1997.

Leung, 60, virou o outro alvo dos protestos por ser considerado por ativistas pró-democracia um fantoche do governo chinês, sem legitimidade para governar o território de 7 milhões de habitantes.

Entre os manifestantes, ele passou a ser chamado de "689", o número de votos que obteve entre os 1.200 membros do comitê que o elegeu, dois anos atrás.

Em editorial em sua primeira página desta quinta, o jornal "Diário do Povo", porta-voz do Partido Comunista chinês, afirmou que a continuação dos protestos poderá ter "consequências inimagináveis", uma referência aos danos econômicos causados ao principal centro financeiro da Ásia, mas que também foi interpretada como ameaça aos líderes do protesto.

Por enquanto, a maior preocupação de Pequim parece ser o risco de que o movimento se alastre na China continental. O governo apertou a censura, proibindo qualquer menção na internet chinesa às manifestações em Hong Kong e até nos canais internacionais. CNN e BBC, por exemplo, estão saindo do ar quando reportagens sobre o assunto são transmitidas.


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