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Hong Kong seria teste para China, diz veterano

Fundador do Partido Democrático, Martin Lee, 76, foi dos primeiros a militar em defesa de liberdade no território

'Pai da democracia' local, político afirma que violência contra manifestantes foi articulada por Pequim

MARCELO NINIO ENVIADO ESPECIAL A HONG KONG

A magnitude assumida pelos protestos pró-democracia de Hong Kong, com a adesão de milhares de pessoas e o bloqueio de avenidas centrais, pegou de surpresa o veterano político Martin Lee, fundador do Partido Democrático. "Eu esperava no máximo 2.000 pessoas no primeiro protesto, mas vimos um mar de gente nas ruas."

Chamado muitas vezes de "pai da democracia" em Hong Kong, por ter sido dos primeiros a militar em defesa de um sistema político livre após o fim do controle britânico do território, Lee, 76, não esconde seu orgulho dos jovens que lideram os protestos pró-democracia, a maioria com idade para serem seus netos.

Entre eles, Joshua Wong, 17, que surgiu há dois anos como líder político precoce e virou a face dos protestos. "Joshua pensa muito rápido, é um político nato", elogia.

Para ele, ao rejeitar eleições livres em Hong Kong, Pequim perde uma oportunidade de mostrar ao mundo uma face mais amigável e flexível.

Na China continental, um país enorme e não tão desenvolvido, raciocina Lee, é compreensível que a abertura política deva ser gradual. O regime poderia estabelecer um cronograma, com eleições em pequenos vilarejos, depois nas cidades maiores, e assim por diante, sugere.

"Hong Kong deveria ser usado como um laboratório para a implantação da democracia na China, mas Pequim está perdendo essa oportunidade", lamenta.

Da janela de seu escritório, onde recebeu a Folha, Lee pode ver parte do epicentro dos protestos, na região central de Admiralty, ao redor da sede do governo de Hong Kong. "É maravilhoso, os estudantes são educados e pacíficos. Que país não desejaria ter manifestantes assim?"

O movimento pró-democracia ganhou peso no último mês, depois que o governo chinês anunciou restrições à eleição do próximo chefe do Executivo de Hong Kong, marcada para 2017. Lee afirma que a grande adesão aos protestos surgiu da frustração popular com o descumprimento da promessa feita por Pequim de permitir o sufrágio universal.

Sob domínio britânico, que durou um século e meio até a transferência para o controle chinês, em 1997, Hong Kong nunca teve eleições.

"Com os britânicos não tivemos democracia, mas ela também nunca foi prometida", diz Lee. "Na declaração sino-britânica [que estabeleceu as regras da transição] tudo mudou: a China concordou que haveria eleições para o Legislativo e o chefe do Executivo. Agora querem descumprir o que prometeram."

Sobre os confrontos violentos dos últimos dias, Lee não tem dúvidas de que foram articulados por Pequim.

"É o velho método dos comunistas chineses: jogar as pessoas umas contra as outras", acusa.


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