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Líder quer manter protestos em Hong Kong

À frente do movimento pró-democracia, Joshua Wong, 17, defende pressão pela renúncia de chefe do governo

Visivelmente exausto, estudante diz que ainda espera negociar com as autoridades da ex-colônia britânica

MARCELO NINIO ENVIADO ESPECIAL A HONG KONG

Com apenas 17 anos, Joshua Wong é uma das faces mais conhecidas dos atuais protestos pró-democracia em Hong Kong. Ele se tornou conhecido do público há dois anos, já como um líder precoce contra a crescente influência do governo comunista chinês em Hong Kong, quando mobilizou estudantes contra o plano de governo de introduzir "educação patriótica" nas escolas.

Visivelmente exausto, após uma semana dormindo apenas "três ou quatro horas por dia" acampado perto da sede do governo, Wong afirmou à Folha que defende a continuação do bloqueio das ruas do território para manter o governo sob pressão.

Leia a abaixo trechos da entrevista.

Folha - Após uma semana de protestos que chamaram a atenção do mundo para Hong Kong, qual sua avaliação do que foi obtido e quais os próximos passos?

Joshua Wong - Estou muito otimista. O que aconteceu até agora é muito mais do que eu esperava. As pessoas vieram às ruas e atenderam ao chamado de desobediência civil, apesar de ser um movimento sem liderança.

Temos o poder de barganha dado pelas ruas, mas é imprevisível saber se a polícia usará violência para liberar as ruas. Na minha opinião, temos que continuar a ocupação das ruas para manter o governo sob pressão.

Há uma sensação de vitória, mesmo sem o movimento ter obtido o que exige?

É uma vitória para a sociedade civil, por mostrar que a população de Hong Kong tem um alto nível de consciência política. Mesmo depois da repressão policial do último domingo (28/9), que deixou feridos, as pessoas persistiram no princípio de não violência e desobediência civil. Estou muito feliz por isso, apesar de ter sido preso nos primeiros dias.

Quanto tempo mais este protesto deve durar?

Não posso prever, porque este movimento não tem uma liderança centralizada, capaz de dar ordens aos manifestantes. Cada um deve tomar sua própria decisão.

Eu espero que o governo respeite a nossa opinião e que [o chefe do Executivo] Leung Chun-ying renuncie ao cargo o mais rápido possível para arcar com sua responsabilidade. Não temos ainda um plano definido, esperamos as negociações com o governo.

Você se considera o líder do movimento?

Não me vejo como um líder, apenas como alguém capaz de motivar as pessoas a se importar com a cidade em que vivem. Há dois anos havia uma ONG que determinava quando os protestos deveriam começar e terminar, hoje é diferente. Não me considero um líder político, sou apenas um estudante. Mas espero mostrar às pessoas que elas devem sair às ruas para lutar pelo que acreditam.

Há semelhanças entre os protestos em Hong Kong e movimentos por liberdade recentes em que jovens foram protagonistas, como a Primavera Árabe?

Em todos esses movimentos, os jovens são a frente mais progressista, por carregarem menos peso e responsabilidade com assuntos como família e trabalho. Por isso, temos mais flexibilidade para lutar por nossos princípios.

Você teme que o governo chinês ordene uma ação violenta para acabar com as manifestações, como fez na praça da Paz Celestial, em 1989?

Espero que não haja derramamento de sangue aqui. Paz e não violência são o mais importante princípio deste movimento.

O que seus pais acham do seu protagonismo nos protestos?

Eles me dão liberdade suficiente para que eu decida o que fazer. Meus pais apoiam o movimento.

Você tem a ambição de servir como inspiração para jovens na China continental?

Primeiro temos que nos concentrar em Hong Kong. Neste momento não tenho capacidade para saber se terá efeito na China continental. Estamos lutando pelo sufrágio universal.

Quais as chances de que as exigências do movimento sejam atendidas?

Acredito nas pessoas. Juntos podemos achar o caminho para vencer e conquistar nossos direitos básicos.

Você se tornou a face dos protestos. Tem medo de sofrer retaliações do governo?

Acredito que Hong Kong ainda tem um mínimo de liberdade, e um sistema legal nos permite expressar nossas opiniões.


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