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Há risco de novo massacre na Síria, diz ONU
Tomada de controle de Kobani pelo Estado Islâmico pode causar carnificina similar à de Srebrenica, alerta enviado
Ataques aéreos dos EUA não coíbem avanço de milícia em cidade de maioria curda na fronteira com a Turquia
Em meio ao avanço de militantes do Estado Islâmico (EI) na Síria, o enviado da ONU Staffan de Mistura alertou nesta sexta-feira (10) para o risco de um massacre se a facção tomar o controle da cidade síria-curda de Kobani, na fronteira da Turquia.
Segundo Mistura, a área poderia ter o mesmo destino da cidade bósnia de Srebrenica, onde 8.000 muçulmanos foram mortos pelos sérvios em 1995, na pior atrocidade na Europa desde a Segunda Guerra (1939-1945).
A ONU acredita que 700 civis, em sua maioria idosos, estejam presos no centro da cidade, enquanto 12 mil ainda não conseguiram cruzar para a Turquia.
"Se a cidade cair, provavelmente esses 700 civis, e talvez os outros 12 mil, serão massacrados", disse. "Lembram de Srebrenica? [...]Quando há uma ameaça iminente aos civis, não podemos nem devemos nos calar."
A ofensiva do EI, que nesta sexta ocupou o quartel-general dos combatentes curdos em Kobani, estimulou episódios de violência nas ruas da Turquia, que tem 15 milhões de curdos.
Desde terça-feira (7), curdos-turcos se sublevaram contra o governo do presidente Tayyip Erdogan, que acusam de permitir o assassinato de seus parentes.
Três dias de tumultos deixaram ao menos 33 mortos no sudeste de maioria curda.
'REALIDADE TRÁGICA'
Apesar de a coalizão liderada pelos EUA contra o EI ter aumentado suas ações em Kobani, o vice-conselheiro de Segurança Nacional, Tony Blinken, reconheceu que os ataques aéreos provavelmente não serão suficientes para impedir a queda da cidade.
"Nosso objetivo na Síria é degradar a capacidade do EI de comandar a si mesmo, sustentar-se e conseguir recursos", afirmou. "Mas a trágica realidade é que, enquanto fazemos isso, haverá lugares, como Kobani, onde poderemos ou não ser efetivos."
De acordo com Blinken, 40% da cidade está sob controle da milícia.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que monitora o conflito, deu uma estimativa similar e afirmou que os militantes capturaram uma área administrativa da cidade conhecida como "quarteirão da segurança".
"Há duros combates, e o EI vem atacando o centro de Kobani de longe", disse Ocalan Iso, o vice-chefe das forças curdas que defendem a cidade. Iso, que estimou a perda de 20% de Kobani para a milícia, pediu mais ataques norte-americanos.
MÉTODOS CRUÉIS
Com métodos como crucificação e decapitação de prisioneiros, o EI mudou o Oriente Médio recentemente, capturando áreas da Síria e do Iraque. Sunita, a facção exige a conversão de não muçulmanos e xiitas, ameaçando-os de morte.