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Bolívia vê a relação com o Brasil esfriar

Incômodos diplomáticos marcaram os últimos dois anos das relações entre os governos dos países vizinhos

Distanciamento destoa da proximidade entre Lula e Evo, que deve ser reeleito no domingo

SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ

A porta de vidro meio encostada do edifício da avenida Arce contrasta com o burburinho das ruas agitadas do bairro de Sopocachi, na capital boliviana.

A sede da embaixada brasileira no país vizinho anda mais quieta desde agosto de 2013, quando estourou a crise que causou a remoção do senador oposicionista Roger Pinto, em uma operação cinematográfica, realizada de carro, às escondidas, até o Brasil.

Pinto se dizia perseguido pelo presidente Evo Morales por acusá-lo de ligações com o narcotráfico e já havia passado um ano na sede da representação diplomática brasileira. O episódio definiu o afastamento do diplomata que o ajudou a sair do país, Eduardo Saboia, a remoção do então embaixador, Marcel Biato, e a demissão do então ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

Em resposta a questionamento da Folha, o Itamaraty disse apenas que a nomeação do novo embaixador brasileiro junto ao governo da Bolívia encontra-se em tramitação no Senado. Já o encarregado temporário da missão diplomática brasileira, Carlos Alberto Simas Magalhães, não quis dar entrevista.

À Folha na última quinta-feira (9), o presidente boliviano Evo Morales disse que as relações entre os dois países vão bem, mas não são as mesmas de seu primeiro mandato. Morales reclamou publicamente, na semana passada, que, ao contrário do ex-presidente Lula, Dilma não tinha vindo à Bolívia em visita oficial. "Eram outros tempos", disse. Morales deve ser eleito para um terceiro mandato neste domingo (12).

Em entrevista ao jornal "Valor", o embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano, disse que, com Dilma, a relação dos dois países ficou "mais formal".

Os últimos dois anos foram marcados por alguns distúrbios. Além do caso Roger Pinto, também pediu asilo ao Brasil no ano passado o ex-promotor Marcelo Soza, que investigava um suposto atentado contra Morales em Santa Cruz, ocorrido em 2009.

Outro incômodo diplomático deu-se com a prisão de 12 torcedores do Corinthians, em fevereiro do ano passado, em Oruro, acusados de soltar um rojão que matou o adolescente Kevin Beltrán Espada.

Cinco deles ficaram mais de quatro meses numa prisão local até serem soltos por falta de provas. O caso segue aberto na Justiça boliviana.

Em 2012, as construtoras OAS e Petra tiveram contratos para a construção de rodovias cancelados pelo governo boliviano. A OAS estava construindo uma via de 300 km, no valor de US$ 415 milhões, mas Morales mandou suspender as obras, atendendo a protestos indígenas que se manifestaram contra a rodovia.

A empresa brasileira com mais presença no país segue sendo a Petrobras, que atua na área de exploração de gás natural, principalmente na região de Santa Cruz de la Sierra.

Na semana passada, o presidente da estatal petroleira Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Carlos Villegas, disse que o governo espera renegociar com a empresa um novo contrato de venda de gás, com novos preços, para substituir o que termina em 2019.

"O Brasil não irá prescindir do gás natural boliviano, porque paga por ele um preço menor, assim como a Argentina. Temos a vantagem competitiva e estamos trabalhando para ter todas as bases materiais para fazer desse contrato uma realidade", disse Villegas na última segunda-feira.


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