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Boca de urna dá vitória a Evo na Bolívia
Apoiado em bom desempenho econômico e na redução da pobreza, presidente deve conquistar o terceiro mandato
Eleitores tiveram de encarar longas filas, sinalização falha e dificuldade de chegar aos locais de votação
Aos gritos de "Evo, de nuevo" (Evo, de novo), apoiadores do atual presidente boliviano comemoraram o resultado das eleições deste domingo (12), na plaza Murillo e nos arredores do Palácio Quemado, centro de La Paz.
Segundo pesquisas de boca de urna, Morales chega a seu terceiro mandato com 60% dos votos. Seu principal rival, Samuel Doria Medina teve 21%.
Resultados parciais indicavam que o MAS (Movimento ao Socialismo), partido de Evo, deve obter pelo menos 86 cadeiras na Assembleia de Deputados, ficando a um posto dos almejados dois terços da Casa (que permitiria a ele alterar a Constituição e buscar um quarto mandato). No Senado, o partido deve manter os dois terços que já tinha, com 25 cadeiras.
O MAS também celebra sua primeira vitória no Departamento de Santa Cruz, antes um bastião da oposição, vencendo por 51%.
Morales dedicou o triunfo a Hugo Chávez, presidente venezuelano morto em 2013, e a Fidel Castro, ex-ditador cubano, enquanto a multidão gritava "mar para Bolívia", em referência à disputa territorial com o Chile.
A jornada foi qualificada por observadores da Unasul, a União de Nações Sul-Americanas, como "satisfatória", mas ressalvas foram feitas com relação à falta de sinalização e orientação em vários pontos de votação.
Nos centros urbanos mais populosos, como La Paz, El Alto e Cochabamba, houve longas filas. Devido a uma restrição do tribunal eleitoral boliviano, o trânsito de carros particulares foi restrito só a veículos credenciados. O transporte público também não funcionou.
A Folha presenciou, em El Alto, na área metropolitana de La Paz, uma verdadeira peregrinação de eleitores através das principais vias.
Camponeses, mulheres indígenas carregando bebês e idosos tentavam proteger-se do sol enquanto caminhavam pelas áridas vias.
Morales votou pela manhã, na Villa 14 de Septiembre, no Chapare, sua localidade de origem. Depois, rumou para La Paz.
O presidente chega ao terceiro mandato apoiado nos bons números (crescimento médio do PIB nos últimos anos de 6%) e na melhoria das condições de vida da população de baixa renda.
Ganhos com a nacionalização da produção de gás natural, principal produto de exportação, facilitaram a expansão de planos de assistência. A pobreza caiu de 38% a 18%.
A oposição centrou a campanha na crítica às falhas no sistema judicial, na alta dos crimes contra a mulher e nos gastos sem licitação.