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Votos de candidato nanico podem ser decisivos na disputa de Obama e Romney
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA ESPECIAL PARA A FOLHANa eleição de 2000, se os votos dados a Ralph Nader, candidato do Partido Verde, na Flórida ou em New Hampshire tivessem ido para Al Gore, o então vice-presidente de Bill Clinton teria tido a maioria do Colégio Eleitoral (como teve nos votos populares) e George W. Bush seria uma nota de rodapé na história.
O pleito de 2012 tem potencial para ser tão apertado quanto o de 12 anos atrás. E o papel que então coube a Nader pode vir a ser desempenhado pelo candidato do Partido Libertário, Gary Johnson, ex-governador de Novo México (1995-2003) -quando era republicano, como Romney.
O senso comum diz que Johnson rouba votos de Mitt Romney, como Nader seguramente tirou de Gore, que tinha na defesa do ambiente uma de suas bandeiras.
Johnson, 59, é ultraconservador; Romney nunca conseguiu realmente convencer os conservadores de que é um deles, devido à sua gestão moderada como governador de Massachusetts (2003-2007).
Mas Obama pode ser a maior vítima de Johnson. Como verdadeiro libertário (defensor da mínima interferência do Estado na vida das pessoas), Johnson está muito à esquerda de Obama em alguns temas sociais: é a favor da legalização de drogas, principalmente a maconha, e da prostituição; apoia radicalmente o casamento gay.
Com tal plataforma, ele talvez consiga atrair liberais desiludidos com a timidez de Obama nesses temas em Estados-pêndulo vitais. No Colorado, por exemplo, Johnson pode causar enorme prejuízo para Obama entre os não tão poucos "bichos grilos" locais.
A vantagem de Obama sobre Romney no Colorado é de 0,8%. Johnson tem 2% das intenções, o suficiente para -caso esses votos fossem originalmente para Obama- roubar-lhe os nove votos do Estado.
Em Estados de maioria conservadora em que a diferença a favor de Romney é muito pequena, como Arizona (0,5%), os votos em Johnson (que chegou a ter 9% das intenções) podem lhe dar problema.
Johnson é bem articulado, inteligente e carismático. Se vai ou não ter um papel histórico, os resultados dirão.
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA é editor da revista "Política Externa"
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