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Análise China
Pequim terá de reduzir o tamanho do Estado, o que vai contrariar interesses
O cidadão pode até manter-se alheio à troca de governantes, mas o governo não o subestima, mesmo com a ausência de voto
A China que muda o governo em 2012 não é mais a realidade fechada das primeiras décadas do Partido Comunista no comando.
A comunidade internacional observa os chineses e tem expectativas em relação ao seu desempenho. E a própria China quer ampliar seu peso no mundo e internacionalizar sua moeda, o yuan. Isso envolve reforço da confiança externa nos seus rumos.
Ao lado disso, há uma população urbana que passou de 50% dos chineses, tem um nível razoável de educação, batalha mais para fazer dinheiro do que há dez ou 20 anos, discute na internet, quer um governo que interfira menos e que siga padrões mais éticos.
O cidadão pode até manter-se alheio à troca de governantes, mas o governo não o subestima, mesmo na ausência de voto.
ESTADO MENOR
O grande tema para a próxima geração de líderes é a redução do papel do Estado.
Para satisfazer expectativas externas e internas e manter o sucesso num mundo que, em dez anos, possivelmente ainda estará vendo algum impacto da crise recente, a China precisa ter um Estado com menor presença.
É preciso cortar o peso de muitas estatais federais e locais, fazer com que o setor privado dependa menos de relacionamento com o governo, disciplinar investimentos municipais ineficientes, ampliar a regulação e a força das leis e fomentar a competição em setores até agora exclusivamente públicos, como o financeiro.
Para fazer isso, será inevitável mexer em interesses arraigados. Não se trata simplesmente de copiar a realidade dos grandes países ocidentais, mas de buscar novo ponto de equilíbrio no tripé Estado-economia-sociedade.
Esse é um projeto para dez anos, mas os primeiros passos não podem esperar muito -e o sentido de direção tem que ser explicitado desde o início. Na verdade, já o tem sido por quem, aparentemente, mostra maiores chances de assumir o alto comando da vida política.
MARCOS CARAMURU DE PAIVA é sócio da KEMU Consultoria, em Xangai. Foi embaixador na Malásia e diretor do Banco Mundial.
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