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Malta é 'oásis' em meio à crise europeia

Pequena ilha ao sul da Itália aproveita posição estratégica para atrair indústrias e oferecer mão de obra qualificada

País cresce desde 2009, na contramão da zona do euro mas inflação é maior, e há temores de bolha financeira

LUISA BELCHIOR ENVIADA ESPECIAL A VALLETTA

Ao norte, a leste e a oeste, estão os três países no epicentro da crise da zona do euro. Ao sul, o berço das revoltas árabes. No meio, Malta, quinto menor país europeu, passa à margem de problemas que afundam seus vizinhos.

Com atrativos ao capital externo, o pequeno território ao sul da Itália com 316 km² (cerca de 20% da cidade de São Paulo) fechou 2011 com crescimento de 2,11%.

A ex-colônia britânica nada na contracorrente da zona do euro: enquanto a economia de seus vizinhos se contrai, a sua cresce desde 2009. Neste ano, seu PIB deve ultrapassar os parâmetros anteriores à crise, segundo previsão do FMI. A expansão é visível nas ruas maltesas.

"Faz dois anos que não param de chegar mercadorias. Acho que com a crise vem tudo para cá", disse Martin Piccinino, chefe dos estivadores no porto de Valletta, a capital, onde navios com contêineres e cruzeiros de turismo -responsável por 15% do PIB- atracam o dia inteiro.

No centro histórico, turistas europeus e árabes dividem espaço com estudantes -70 mil por ano vão a Malta estudar (inglês, na maioria). No bairro empresarial circulam executivos estrangeiros.

Em toda a ilha, há prédios em obras, apesar do mercado imobiliário estancado em Portugal, Espanha e Itália. Nos jornais, páginas inteiras anunciam busca por professores universitários, guias de turismo e engenheiros.

Desde 1980, o governo iniciou reformas para ajustar leis aos moldes da União Europeia e atrair o capital estrangeiro. Ciente da posição estratégica entre norte da África e sul da Europa, facilitou a burocracia para as indústrias. De bônus, oferecia mão de obra qualificada, formada nos moldes britânicos.

Quando a crise chegou, Malta deu subvenções a grandes indústrias e empresas, com a condição de que não demitissem funcionários.

O principal bloqueio à crise, dizem analistas ouvidos pela Folha, é o conservadorismo do setor bancário. Enquanto Espanha e Grécia davam crédito fácil para a compra de imóveis antes da crise, os bancos malteses faziam duras exigências a clientes e mantinham juros altos. Para o historiador Henry Frendo, a precaução é herança dos constantes ataques ao país ao longo da sua história, devido à sua posição estratégica.

Mas o dinamismo da economia criou um novo problema para Malta: a inflação, hoje de 4,2%, a maior da zona do euro. No setor empresarial, já se fala de uma bolha financeira -uma preocupação que o mercado europeu ainda não tem. Cerca de 200 multinacionais já se instalaram ali, como o banco HSBC e a seguradora Mapfre.


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