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Classe média cresce 50% na América Latina em dez anos

Fatia pobre caiu a 30%, diz o Banco Mundial

LUCIANA COELHO DE WASHINGTON

A América Latina expandiu sua classe média em 50% na última década, de 103 milhões para 152 milhões de pessoas, e reduziu drasticamente a pobreza e a desigualdade, mostra um estudo do Banco Mundial lançado ontem em Washington.

Apesar do avanço, porém, 38% dos habitantes da região ainda são "vulneráveis" - correm risco de serem derrubados de volta à pobreza por crises locais ou globais, alerta o banco. Outros 31% continuam pobres, o mesmo percentual que a classe média (29%) e alta (2%) somadas.

"A América Latina está caminhando, já somos uma região de renda mediana, mas ainda não somos uma região de classe média", afirmou em entrevista coletiva o economista-chefe do banco para a região, Augusto de la Torre.

"Não é hora de festejarmos ainda, pois essa mudança veio acompanhada de condições muito favoráveis da economia internacional", disse.

Traduzindo: a instituição ainda detecta riscos no ambiente, e a "classe vulnerável" pode rapidamente ruir.

O Banco Mundial vê como pobre quem vive com até US$ 4 ao dia (R$ 8,25, ou R$ 248 ao mês, no câmbio de ontem).

Vulneráveis são os que ganham de US$ 4 a US$ 10 por dia (R$ 248 a R$ 619 ao mês), enquanto a renda individual diária da classe média, para a instituição, vai de US$ 10 a US$ 50 (R$ 610 a R$ 3.096 por mês). Acima de US$ 50/dia ou R$ 3.096/mês está a elite.

De 2003 a 2009 (último ano com dados para todos os países), a parcela pobre da população encolheu de 44% para 30% (no Brasil, foi de 43% a 28%, segundo o banco).

"É um contraste agudo com o que prevaleceu por tanto tempo, quando a fatia pobre tinha 2,5 vezes o tamanho da classe média", indica o relatório "Mobilidade Econômica e Ascensão da Classe Média Latino-Americana."

EDUCAÇÃO

O estudo mapeia o aumento da mobilidade social na região, expresso não só pela ascensão de 46% dos pobres mas também pela redução do peso da renda familiar na posição social e no grau de escolaridade de cada indivíduo.

Ainda assim, os países latino-americanos e caribenhos continuam a oferecer oportunidades mais atreladas à origem familiar do cidadão do que os países ricos.

Nessa equação, o Brasil fica atrás do México, do Chile e de Trinidad e Tobago, embora à frente de Colômbia, Uruguai, Argentina e Peru.

Além da redistribuição de renda, marcante em países como Argentina, Brasil, Chile, Peru e Honduras (nesta ordem), o estudo mostra um aumento do nível de escolaridade. A classe média tem, em média, três anos de estudo a mais do que os vulneráveis.

Novamente, porém, o Brasil não se destaca. De oito países examinados (Brasil, Chile, Colômbia, República Dominicana, Honduras, México e Peru), o Brasil tem a elite, a classe média e a classe vulnerável (ou média-baixa) com menor nível de estudo.

Já a classe baixa brasileira só não é menos escolarizada do que a hondurenha. "A América Latina agora deveria pensar em melhorar o ensino médio e superior", disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim. "Isso faz uma enorme diferença."


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