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TRANSIÇÃO CHINESA

Conservadores dominam cúpula chinesa

Comitê Permanente, com sete membros, comandará a segunda economia do planeta nos próximos cinco anos

Novo secretário-geral do Partido Comunista, Xi Jinping também já assumiu o controle da Comissão Militar

Adrian Bradshaw/Efe
Os sete integrantes do Comitê Permanente do PC chinês
Os sete integrantes do Comitê Permanente do PC chinês
FABIANO MAISONNAVE DE PEQUIM

Num anúncio marcado pela ausência de integrantes tidos como pró-reforma, o Partido Comunista da China revelou ontem a liderança que governará o país durante os próximos cinco anos.

O atual vice-presidente chinês, Xi Jinping (pronuncia-se Si Tchinpin), 59, foi empossado como secretário-geral do partido e se prepara para assumir o cargo de presidente em março.

O novo Comitê Permanente diminuiu de nove para sete cadeiras. Dois remanescentes da configuração anterior permanecem: o próprio Xi e Li Keqiang (pronuncia-se Li Qãtchiang), que deve se tornar o próximo premiê, também em março.

Os outros cinco integrantes têm em comum o fato de terem nascido em meados da década de 1940, o que lhes impedirá de renovar o mandato de cinco anos.

Todos também já serviram no Politburo, corpo de 25 membros que está um degrau abaixo do comitê na hierarquia do partido.

Os escolhidos incluem nomes bastante conservadores, com destaque para Zhang Dejiang, formado em economia na Coreia do Norte, e Liu Yunshan, que supervisiona a cada vez mais rígida e sofisticada censura na internet e nos meios de comunicação.

Por outro lado, ficaram de fora dois nomes considerados mais abertos à reforma política: Wang Yang, governador da rica província de Guangdong (sul), e Li Yuanchao, chefe do poderoso Departamento de Organização, encarregado de supervisionar as nomeações de quase todos os altos cargos, incluindo governadores e ministros.

O perfil conservador do novo comitê contrasta com o estilo mais informal de Xi Jinping em relação ao antecessor. Ontem de manhã, na apresentação dos escolhidos no Grande Salão do Povo, ele parecia mais à vontade no primeiro dia como secretário-geral do que o "robótico" Hu Jintao em seu discurso de despedida, na semana passada.

"Nosso partido liderou as pessoas em direção a conquistas de repercussão mundial, e temos todas as razões para estar orgulhosos", disse Xi, o único dos sete com a gravata levemente desalinhada, diante de centenas de jornalistas locais e estrangeiros, entre os quais a reportagem da Folha.

"Mas não somos complacentes e nunca vamos descansar em nossos louros. Nosso partido enfrenta desafios difíceis, e há também muitos problemas urgentes que precisam ser resolvidos, especialmente a corrupção, estar separado do povo e as formalidades e o burocratismo provocados por alguns membros do partido", completou, em discurso que durou cerca de 15 minutos.

Entre os jornalistas, chamou a atenção a ausência de repórteres do jornal "New York Times" e da agência de notícias Bloomberg, que não receberam os convites necessários para entrar no evento.

Ambos os meios estão com o site bloqueado no país depois de revelarem recentemente negócios milionários das famílias de Wen Jiabao e Xi Jinping, respectivamente.

COMISSÃO MILITAR

Xi também foi nomeado chefe da Comissão Central Militar, que controla as Forças Armadas. O anúncio surpreendeu. Havia a possibilidade de Hu Jintao permanecer na função por mais tempo, como fizera seu antecessor, Jiang Zemin.

Xi, portanto, já comanda o partido e os militares, faltando só o governo para fincar o tripé do poder na China -isso ocorrerá em março, durante a sessão anual do Congresso Nacional do Povo.

Ele representa a quinta geração de líderes chineses, mais educada e sem o carisma pessoal que marcou as primeiras décadas sob Mao Tse-tung e Deng Xiaoping.

Desde Hu, a China passou a ser governada de forma colegiada, via Comitê Permanente, encerrando o ciclo de líderes personalistas. Entre os desafios do novo governo estão reestruturar a economia, com ênfase em consumo interno, melhorar a distribuição de renda e combater a corrupção -problema escancarado neste ano pelo escândalo Bo Xilai, ex-integrante do Politburo suspeito de suborno e abuso de poder.


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