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Cristina perde apoio com embate político

Presidente da Argentina vê sua taxa de aprovação popular cair de 70% para 36% do começo do ano até agora

Analistas atribuem fenômeno à estagnação econômica, a casos de corrupção e a um discurso mais radical

SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES

Cristina Kirchner foi reeleita em outubro de 2011 com contundentes 54% dos votos dos argentinos. Em janeiro de 2012, a presidente tinha mais de 70% de aprovação.

Agora, às vésperas do fim do ano, esse número despencou para parcos 36%.

Para analistas ouvidos pela Folha, essa queda brusca de popularidade no espaço de pouco mais de um ano está relacionada com fatores econômicos e políticos.

Os principais deles seriam a estagnação da economia, a inflação de 25% (apenas 9%, segundo o governo), as acusações de corrupção contra seu vice, Amado Boudou, e o endurecimento de seu próprio discurso.

Foi principalmente contra esses aspectos que se levantaram as bandeiras que se viram nas ruas durante o último panelaço contra sua gestão, que reuniu cerca de 500 mil pessoas no Obelisco, no centro de Buenos Aires, e replicou-se em outras cidades do país e no exterior.

"A opinião pública argentina é muito volátil e pode mudar em questão de meses, não me impressiona a queda em apenas um ano, porque muita coisa aconteceu nesse período", disse à Folha Sergio Berensztein, diretor do instituto de pesquisas Poliarquía.

Para ele, a classe média é a que mais vem sentindo a deterioração da economia.

"A inflação castiga a todos, mas os mais pobres têm planos de assistência, então é a classe média quem sente mais. Além disso, também a classe média percebe mais diretamente a restrição à compra de dólares e a impossibilidade de ter acesso a artigos importados por causa da política de barreiras a compras externas."

Para o cientista político Marcos Novaro, a presidente perdeu a capacidade de gerar consenso.

"Há um desgaste parecido com o que a levou a cair muito em 2009, depois do conflito com o campo. A diferença é que, naquela época, o Estado tinha recursos para bancar seus erros políticos, agora, não tem mais e a população, principalmente a classe média, sabe disso."

RURALISTAS

O embate com os ruralistas, em 2008, havia sido responsável pela mais grave crise política do governo de Cristina até aqui. Na época, sua aprovação chegou a cair abaixo dos 30%. Em 2009, o kirchnerismo conheceu uma dura derrota nas eleições legislativas, na qual o próprio Néstor Kirchner perdeu a disputa por um cargo de deputado por sua província.

A recuperação, porém, foi possível porque a situação econômica era melhor e porque Cristina, em 2010, soube capitalizar politicamente a morte do marido.

Para Novaro, a presidente está cometendo alguns erros políticos ao não saber como administrar o escândalo de corrupção de seu vice, ao abusar das aparições públicas em cadeia nacional e por deixar que fosse proposto um terceiro mandato.

"Ela se mostra cada vez mais agressiva em seus discursos. Cresce uma ideia de que está se tornando mais autoritária e a possibilidade de ter isso por mais um mandato está saturando a sociedade", completa Novaro.

Apesar de não apresentada oficialmente, a proposta de modificar a Constituição para garantir a re-reeleição foi trazida à tona por deputados ultrakirchneristas.

Para alcançá-la, serão necessários os votos de dois terços do Congresso, o que é difícil. Nas passeatas anti-K, o "Não a reeleição" é a principal motivação dos protestos.


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