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Dilma critica contração fiscal em cúpula

Na primeira sessão plenária, a presidente cobrou de europeus "horizonte de esperança" para suas sociedades

Ela disse que política de rigor, hegemônica na Europa, não é a "melhor resposta" e poderia agravar a recessão

J.J.Guillén/Efe
Dilma Rousseff fala na primeira sessão plenária da 22ª Cúpula Ibero-Americana, ontem
Dilma Rousseff fala na primeira sessão plenária da 22ª Cúpula Ibero-Americana, ontem
CLÓVIS ROSSI ENVIADO ESPECIAL A CÁDIZ, ESPANHA

A presidente Dilma Rousseff cobrou ontem dos parceiros europeus, em especial de Espanha e Portugal, que abram "um horizonte de esperança" para suas sociedades, em vez de oferecer "apenas perspectivas de mais anos de sofrimento".

A crítica da presidente às políticas de rigor fiscal, quando excessivas e generalizadas, foi feita na primeira sessão plenária da 22ª Cúpula Ibero-americana, na presença de quatro chefes de Estado/governo de países que estão fazendo exatamente o contrário do que prega Dilma: Anibal Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho, presidente e primeiro-ministro de Portugal, e Mariano Rajoy e Juan Carlos 1º, presidente do governo e rei da Espanha, respectivamente.

A presidente demoliu, ponto a ponto, a política hoje hegemônica na Europa. Começou citando "os enormes sacrifícios" impostos a esses países, na forma "de reduções de salários, desemprego e perda de benefícios".

O pior, para a presidente, é que tais sacrifícios não estão dando os resultados desejados. Ao contrário, está havendo "crescimento do deficit fiscal e não sua redução".

Na verdade, o que está crescendo em países sob regime de austeridade é a dívida pública. O deficit cai, mas não está sendo reduzido na proporção desejada, tanto que vários países já abandonaram a meta de chegar a curto prazo a um deficit de 3% do Produto Interno Bruto.

Dilma insistiu em que a "contração fiscal exagerada" não só "não é a melhor resposta" como pode agravar a recessão -precisamente o que está ocorrendo tanto em Portugal como na Espanha, entre outros países europeus.

Os números divulgados na quinta-feira pela Comissão Europeia mostram, de resto, que os 17 países da eurozona voltaram à recessão, com uma queda de 0,1% no terceiro trimestre, na comparação com o trimestre anterior, depois de um retrocesso de 0,2% no segundo trimestre.

Dilma recorreu ao exemplo da América Latina quando da primeira cúpula Ibero-americana, em 1991. "Os governantes de então, aconselhados pelo Fundo Monetário Internacional, acreditavam, erradamente, que apenas com drásticos e fortes ajustes fiscais poderíamos superar com rapidez as gravíssimas dificuldades econômicas e sociais nas quais estávamos mergulhados.

Levamos assim duas décadas de ajuste fiscal rigoroso tentando digerir a crise da dívida soberana e a crise bancária que nos afetava e, por isso, neste período, o Brasil estagnou, deixou de crescer e tornou-se um exemplo de desigualdade social".

A receita de Dilma é crescimento, sempre seguindo o exemplo latino-americano dos anos 90: "Nossos esforços só resultaram em solução quando voltamos a crescer".

Engatou então com a previsível autopropaganda: "Pagamos a dívida externa e acumulamos quase US$ 380 bilhões de reservas e mudamos nosso modelo de desenvolvimento, ao compatibilizar crescimento econômico, contas públicas robustas, controle da inflação e distribuição de renda".

Dilma lembrou ainda um ponto particularmente complicado para Espanha e Portugal, ao dizer que as medidas adotadas "não afastam a desconfiança dos mercados e, mais importante ainda, não afastam a desconfiança das populações".

De fato, um dia antes da chegada da presidente a Cádiz houve greve geral seguida de gigantescas manifestações em toda a Espanha e, com menor intensidade, também em Portugal.

Dilma lembrou que "o Brasil tem implementado medidas de estímulo econômico sem comprometer a prudência fiscal", mas nem por isso deixou de ser atingido pela crise, "através da redução dos mercados internacionais".

Sobrou crítica também para a Alemanha, país que determina a rigidez das políticas adotadas pela Europa, embora não haja menção nominal a ela. Disse Dilma que é urgente que "os países superavitários façam a sua parte aumentando o investimento, o consumo e importando mais".


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