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Dilma cobra pacto global pelo crescimento

"Se todos fizerem ajustes simultâneos, o resultado é a recessão", afirmou presidente, em seminário em Madri

Fala da brasileira, uma crítica frequente da austeridade, tem como novidade sua defesa da União Européia

CLÓVIS ROSSI ENVIADO ESPECIAL A MADRI

A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem "um amplo pacto [global] para a retomada do crescimento", ao abrir o seminário "Brasil na senda do crescimento", organizado pelos jornais "Valor Econômico" e " El País".

A defesa de um pacto global é coerente com a pregação de Dilma contra políticas econômicas baseadas exclusivamente no ajuste fiscal, como ocorre na Europa.

"Se todos fizerem ajustes simultâneos, o resultado é a recessão", disse.

Ela repetiu o sermão em favor de políticas de estímulo em ao menos três ocasiões: na entrevista coletiva que concedeu ao lado de Mariano Rajoy, o presidente do governo espanhol, após o encontro entre eles; na saudação ao rei Juan Carlos 1º; e, por fim, no seminário dos dois jornais, com o que encerrou sua visita à Espanha.

A novidade nas falas de Dilma foi a apaixonada defesa da União Europeia e do euro, definindo o conglomerado de 27 países europeus como "um paradigma político e econômico que nos é caro [aos brasileiros e ao mundo]".

Foi durante a saudação ao rei, um momento geralmente utilizado para uma retórica protocolar de cumprimentos mútuos.

Dilma até foi protocolar, ao agradecer o Grande Colar da Ordem de Isabel, a Católica que acabara de receber do rei, mas logo citou a Europa unificada, "uma das maiores conquistas da humanidade".

Nesse ponto, ela repete seu antecessor e padrinho, Luiz Inácio Lula da Silva, que definiu da mesmíssima forma a construção europeia e seu modelo de bem-estar social.

A presidente condenou fortemente o que chamou de "especulação" contra o euro, que seria, na sua opinião, uma das causas da crise.

Não ficou claro, no entanto, se se referia às apostas do mercado contra países que usam o euro ou aos rumores constantes de que a Grécia deixaria a moeda comum, o que fraturaria a eurozona e ameaçaria outros países, como a Espanha e a Itália.

"O euro não pode desaparecer. É importante não só para a Europa, mas para o mundo", disparou Dilma.

Nas críticas à austeridade, sobrou para o Fundo Monetário Internacional, que, nos últimos meses, vem advertindo os europeus de que o excesso de austeridade prejudica o crescimento.

Para Dilma, essa nova posição "reflete o aprendizado com a nossa crise. Se tivesse tido a consideração de nos tratar de uma forma mais compreensiva, a América Latina teria saído antes da crise [refere-se aos anos 80/90]".

Ao lado de Dilma, Rajoy não se deu por aludido quando a brasileira disse esperar que "os países do mundo ibérico sejam flexíveis na hora de encarar a crise". O líder espanhol preferiu repetir o que diz sempre: "Não há varinha mágica" para sair da crise.

Admitiu, de todo modo, que a política adotada "causa dano a muita gente, é difícil de explicar e difícil de compreender".

Sem chegar a afirmar que já se vê luz no fim do túnel, Rajoy disse que 2013 será melhor que 2012 (previsão de um retrocesso de 1,7%) e que haverá crescimento em 2014.

Mas admitiu também que "o problema mais importante é o de gerar financiamento a preços razoáveis", sem o que não haverá retomada da economia. A Espanha chegou a pagar, para rolar sua dívida, taxas semelhantes às que levaram Portugal e Grécia a pedir socorro.

Nos meses mais recentes, a taxa caiu algo, mas ainda é intolerável.


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