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Justiça americana manda Argentina pagar seus credores

Decisão obriga depósito de US$ 1,3 bi até 15 de dezembro, ou país será declarado em moratória; governo protesta

Caso é um resquício da crise de 2002, quando parte dos credores não aceitou reestruturação imposta pelo governo

SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES

Uma decisão do juiz federal norte-americano Thomas Griesa pode levar a Argentina a ter declarada moratória caso não faça o pagamento, até 15 de dezembro, de bônus de sua dívida de 2002 no valor de US$ 1,3 bilhão.

Ainda cabe apelação, mas a determinação é que a Argentina deposite o valor em uma conta de garantia na data estipulada.

Em consequência, os títulos públicos vinculados à evolução do PIB perderam ontem 14,51% de seu valor em dólares, enquanto papéis em pesos retrocederam 5,95%.

O índice Merval, da Bolsa de Buenos Aires, caiu 2,46% na tarde de ontem, liderado pelas ações da petroleira YPF, que baixaram 4,69%.

A Argentina parou de pagar sua dívida em 2002, após abandonar a paridade cambial com o dólar.

Depois, conseguiu organizar duas operações de "reestruturação" com os credores. Cerca de 92% aceitaram arcar com prejuízos na hora de resgatar seus títulos.

O restante (sobretudo "fundos abutres", que compram títulos podres para especular) foi à Justiça americana, uma vez que os papéis eram negociados no mercado financeiro dos EUA.

Os fundos querem receber 100% do valor dos títulos, e ontem o juiz americano lhes deu razão. "Se a decisão de Griesa prevalecer, aqueles que entraram na reestruturação vão ficar indignados. Cria-se um precedente perigoso e pode ser que tudo tenha que ser revisto", disse à Folha o economista Marcelo Elizondo.

"Se a Argentina tiver mesmo de pagar, isso representará um impacto fiscal grande, que estava fora do orçamento", diz Marina Dal Poggio, do estúdio Bein.

Ambos concordam, porém, que a chance de que o governo acate a determinação é pequena -cabe recurso, e Cristina não quer o desgaste político. "Ela usaria seu discurso nacionalista para capitalizar politicamente o episódio", diz Dal Poggio.

Para Elizondo, o principal impacto que a decisão causa na economia é aumentar as dificuldades das empresas argentinas para financiar-se fora do país. "A YPF será uma das principais afetadas, seguramente", diz.

O economista alerta, ainda, para a possibilidade de mais bens argentinos serem embargados no exterior.

Desde o último dia 2 de outubro, a Fragata Libertad, da Marinha argentina, está detida no porto de Tema, em Gana, por determinação da justiça ganesa atendendo a um pedido de um "fundo abutre" que exige o pagamento de US$ 370 milhões do governo argentino.

O ministro da Economia, Hernan Lorenzino, disse que a Argentina não atenderá a determinação. "Pagar é injusto e é ilegal em termos de nossa normativa interna".


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