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Análise
Emissora, enfim, toma iniciativa e combina ousadia com bom senso
A confiança do público caiu, e a BBC dá ênfase à abrangência em detrimento da qualidade. cabe a Hall recuperar o equilíbrio
Depois de algumas semanas calamitosas em que a BBC pareceu fraca e sem rumo, ela finalmente tomou uma iniciativa. Em vez de promover uma extensa rodada de entrevistas para escolher um novo diretor-geral, a Fundação BBC nomeou Tony Hall -e, ao menos uma vez, combinou ousadia e bom senso.
Sua primeira tarefa será reequilibrar uma organização que ainda não conseguiu se recuperar do duplo golpe do caso Jimmy Savile e das falsas acusações de pedofilia.
A investigação dos dois episódios deve ser concluída antes que Hall assuma o cargo, mas caberá a ele assegurar que as conclusões dos inquéritos sejam levadas em conta e que a rede saiba lidar com as suas consequências da maneira mais adequada.
O currículo de Hall também indica que ele pode curar as feridas jornalísticas autoinfligidas que desfiguraram a emissora. Uma de suas missões será reconectar o escritório do diretor-geral da rede com os seus programas.
É claro que é necessário delegar poderes editoriais em qualquer organização do tamanho da BBC -mas a controvérsia que resultou na queda de George Entwistle revelou um distanciamento que mostrou não ser saudável. Hall precisa estar disposto a intervir quando necessário.
A confiança do público na BBC declinou nos últimos anos. A corporação se tornou grande e burocrática demais, com salários inflados. Além disso, tem dado ênfase demais à abrangência, às vezes em detrimento da qualidade. Como diretor-geral, Hall terá de restabelecer o equilíbrio.
A emissora não deve parar de tentar servir a todo o país -mas tem de priorizar sua tradicional missão de informar, educar e entreter. A tarefa de lorde Hall é hercúlea e assustadora. De todo modo, o navio da BBC parece ter escolhido o capitão certo para navegar por águas perigosas.
Tradução de ROGÉRIO ORTEGA
