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Não é momento de usar tropas da ONU, diz diplomata

ISABEL FLECK DE SÃO PAULO

Quando representou o Canadá nas Nações Unidas, na década de 90, o diplomata David Malone, 58, liderou as discussões sobre a criação de operações de paz em países como o Haiti.

Hoje, vê com desconfiança o envio de militares da ONU para a Síria enquanto os dois lados não demonstrarem disposição de cooperar.

Apontado novo reitor da Universidade das Nações Unidas, ele assumirá o posto, em Tóquio, em março de 2013.

Nesta semana, Malone, que é presidente do Centro de Pesquisas para o Desenvolvimento Internacional, do Canadá, veio ao Brasil para conversar sobre parcerias com instituições de pesquisa.

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Folha - A crescente emergência de fóruns paralelos para lidar com conflitos recentes, como o Grupo de Amigos da Síria, e a própria estagnação do Conselho de Segurança são uma ameaça ao papel da ONU no cenário pós-Primavera Árabe?
David Malone - Não acho que haja uma ameaça ao papel central das Nações Unidas. Há um importante ator, a Liga Árabe, que desempenhou um novo papel nessa crise e tem se colocado em conflito com membros permanentes do Conselho de Segurança. Hoje, muitos grupos influenciam e têm acesso ao conselho.

Mas no caso sírio, já há um impasse há mais de um ano no Conselho de Segurança. Isso não o enfraquece?
Sempre que há um bloqueio no conselho, a imagem do conselho fica enfraquecida porque frustra a opinião pública em todo o mundo.
Mas isso não deve se arrastar indefinidamente. Se o conselho adotar uma posição conjunta, ela dificilmente será ignorada.

O Brasil defende que a solução para conflitos recentes seja discutida na ONU. É uma preocupação legítima?
Isso é uma contribuição muito valiosa do Brasil, porque as grandes potências só querem resolver o problema imediato.

A ONU estuda o envio de uma missão de paz para a Síria. Este é o momento?
Não acho que seja o momento de enviar tropas para a Síria, enquanto os confrontos ainda estão ocorrendo.
Já vimos como a missão de monitores não conseguiu fazer os atores cessarem a violência na Síria. Quando as duas partes de um conflito não estão convencidas de que querem o sucesso de uma missão de paz, ela fracassa.
Mas pode ser uma opção mais para frente. Só que algumas vezes uma pequena missão política, como a que está na Líbia, pode ter tanto sucesso como uma grande e cara missão de paz.

Em março, o senhor assume como reitor da Universidade das Nações Unidas. Como pretende aproximar a academia e as discussões na ONU?
Não queremos ser instrumentalizados pela ONU, mas queremos ser úteis para ela. Há algum tempo, havia muitos trabalhos da universidade sobre missões de paz e direitos humanos. Muito do que era debatido na ONU veio do trabalho da universidade. É preciso aumentar o diálogo não só com Nova York [sede da ONU], mas com a Unesco, as agências da ONU em Nairobi, Genebra, Viena.


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