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Análise

História mostra que nacionalismo catalão é mais forte que escocês

Submissão cultural catalã à Espanha na ditadura tornou sentimento pró-independência parte da cultura local

KEVIN MCKENNA DO “GUARDIAN”

Quando o Real Madrid saiu em vantagem por 1 a 0 pelo Campeonato Espanhol no estádio de Nou Camp, a torcida do Barcelona não pareceu decepcionada. Os torcedores pareciam distraídos.

Quando o relógio do estádio marcou o 17º minuto da partida, um tremor de antecipação varreu as arquibancadas e, 14 segundos mais tarde, 95 catalães se levantaram e começaram a bradar "in-inde-independência".

Por diversos minutos, o jogo se tornou comício político: 17 minutos e 14 segundos, 1714, o ano em que as forças catalãs foram derrotadas pelo rei Felipe 5º da Espanha ao final do sítio de Barcelona.

Para Alex Salmond, líder do independentista Partido Nacional Escocês (SNP), momentos de nacionalismo como esse devem causar mistura de admiração e frustração.

Duas semanas atrás, o Celtic escocês derrotou o Barcelona pela Liga dos Campeões.

Embora fosse possível distinguir algumas bandeiras escocesas nas arquibancadas, as cores dominantes eram verde, branco e laranja -da bandeira irlandesa.

Angus Robertson, o líder do SNP no Parlamento britânico, soa um pouco melancólico.

"O histórico das causas nacionalistas na Escócia e na Catalunha é bastante diferente, especialmente dada a recente experiência catalã de viver sob uma ditadura fascista, na Espanha. Na Escócia, estamos envolvidos em um debate sobre um futuro melhor via independência. Não estamos protestando."

Enquanto o movimento pela independência catalã ganhou forte apoio, a campanha pela independência da Escócia, que terá plebiscito em 2014, perdeu o ímpeto.

A aprovação à ideia nas pesquisas não ultrapassa os 30%. No entanto, embora o SNP saiba que não será capaz de mobilizar 1,5 milhão de pessoas para marchar pela independência escocesa -como aconteceu em Barcelona em 11 de setembro-, também sabe que os catalães adorariam ter o mesmo tipo de relação constitucional que existe entre a Escócia e o restante do Reino Unido.

As insatisfações com os ingleses podem ser muitas, aos olhos escoceses, mas nem se comparam ao que os catalães sentem com relação a Madri.

Entre as duas guerras mundiais nas quais soldados ingleses e escoceses morreram combatendo lado a lado, houve uma guerra civil na Espanha que conduziu a 40 anos de ditadura e à sujeição da Catalunha.

A Escócia, ao contrário da Catalunha na era de Franco, jamais esteve sujeita a escravidão cultural.

Mas não se pode descartar que em 2014, quando a Escócia enfrentar a Inglaterra em Wembley, os torcedores escoceses se levantem e gritem "liberdade" aos 13min14s (1314 foi o ano da batalha de Bannockburn, um dos confrontos decisivos na primeira guerra de independência escocesa).

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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