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Chávez voltará a Cuba para tratar saúde

Sem citar câncer, presidente venezuelano anuncia ausência semanas após ser reeleito para governar país até 2019

Presidente diz que vai fazer oxigenoterapia hiperbárica, indicada para lesões persistentes e infecções graves

DE SÃO PAULO

Menos de dois meses após ser reeleito para governar a Venezuela até 2019, o presidente Hugo Chávez, que se diz curado de um câncer, anunciou ontem que voltará a Cuba para fazer mais um tratamento médico.

Chávez pediu ao Parlamento permissão para se ausentar do país -sem data de retorno- e se submeter em Havana a "várias sessões de oxigenação hiperbárica" para consolidar "o processo de fortalecimento" da sua saúde.

O presidente venezuelano, que passou por três cirurgias oncológicas desde junho de 2011, não cita o câncer, mas a nova viagem, a ausência de diagnóstico claro e as esparsas aparições públicas desde a vitória eleitoral em 7 de outubro voltam a levantar questões sobre seu real estado.

Sessões de oxigenoterapia hiperbárica não são um tratamento oncológico, mas podem ser indicadas a pacientes que passaram por radioterapia, como Chávez. "Pode ser indicado para necrose óssea [pós-radioterapia]", diz Auro del Giglio, médico do Hospital Albert Einstein e professor da Faculdade de Medicina da Fundação ABC.

O procedimento não é de alta complexidade -a escolha de se tratar em Cuba remete ao rígido controle de informação na ilha. Implica a respiração de oxigênio puro e é realizado em câmaras pressurizadas. A maior oxigenação acelera processos de cicatrização de lesões e ajuda no tratamento de infecções de difícil controle.

"Essa informação pode indicar que houve complicação do tratamento [do câncer], mas não se pode inferir se existe persistência e/ou recorrência do câncer", afirma Artur Katz, oncologista do Hospital Sírio-Libanês da equipe que tratou o tumor de laringe do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

ELEIÇÕES REGIONAIS

Chama a atenção o "timing" do anúncio do venezuelano, que não faz atos públicos desde o dia 15.

Em 16 de dezembro, os venezuelanos voltam às urnas para eleger os governadores. Para a disputa, o presidente nomeou pessoalmente ministros como candidatos na esperança de aplicar mais um golpe nas lideranças opositoras, que tentam se refazer da derrota de outubro.

"É provável que Chávez fique fora durante o resto da campanha para as regionais, o que não ajuda seus candidatos", indicou o banco Barclays Capital a clientes.

O banco, que insiste que a saúde de Chávez está "se deteriorando", cita que as aparições do presidente caíram de 3.470 minutos em agosto, na campanha eleitoral, para 495 minutos neste mês.

O anúncio de Chávez provocou alta na negociação dos títulos venezuelanos ontem.

Será a primeira vez que o presidente deixa a Venezuela desde que nomeou seu chanceler, Nicolás Maduro, como vice-presidente.

Como é uma ausência temporária, Maduro não assume o poder. Mas, pela Constituição, se o presidente for obrigado a deixar o cargo até o quarto ano dos seis do mandato, o vice assume e deve convocar nova eleição em 30 dias. (FLÁVIA MARREIRO)


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