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Corte suspende decisão contra Argentina
Tribunal de NY deteve sentença que obrigaria país a pagar US$ 1,3 bi a credores no dia 15; Fitch rebaixa nota da dívida
Governo ganha mais tempo para batalha legal contra "fundos abutres" e evita "moratória técnica"
Um tribunal de apelações de Nova York suspendeu ontem a pedido da Argentina a decisão de um juiz da cidade que obrigava o governo Cristina Kirchner a depositar US$ 1,3 bilhão no dia 15 para pagamento de credores que não aceitaram propostas de renegociação da dívida do país.
A corte de apelações postergou qualquer decisão do caso até pelo menos fevereiro de 2013, numa vitória tática para a Casa Rosada.
Se não conseguisse suspender a decisão do juiz do federal americano Thomas Griesa, da semana passada, nem a cumprisse no prazo, a Argentina poderia ser declarada em "moratória técnica".
A decisão da corte, em resposta a um recurso apresentado pela Argentina anteontem, estabelece um cronograma para que o governo argentino apresente sua defesa que termina no final de fevereiro.
Na semana passada, o juiz Griesa determinou que a Argentina deveria pagar a totalidade da dívida devida aos "holdouts" -os 7% dos credores que não aceitaram a proposta da Casa Rosada de trocar os papéis "em default" por novos com descontos.
Já o governo Cristina argumenta que a sentença vai contra o "bom senso", ameaça todas as renegociações de dívida no mundo e só favorece aos "fundos abutres", que compram papéis podres para especular.
REBAIXAMENTO DA NOTA
Mais cedo, a agência de classificação de risco Fitch havia rebaixado a nota dos títulos da dívida da Argentina -de B para CC ("altamente vulnerável") no caso dos papéis de longo prazo e para C ("altamente vulnerável, com risco de insolvência") nos de curto prazo.
O rebaixamento da nota significa que, para a agência, aumentou o risco de o país não pagar aos seus devedores. A nova classificação da Argentina na Fitch está pouco acima de D, nota dada a países em "default" (calote).
Segundo a agência, o rebaixamento se deveu a agora suspensa decisão de Griesa, mas também à "brusca desaceleração" da Argentina, o aumento dos controles de capitais e da intervenção do Estado na economia.
A deterioração econômica do país vem se refletindo na queda da popularidade da presidente Cristina, que enfrentou recentemente greve geral convocada por sindicalistas ex-aliados do governo.
O ministro da Economia da Argentina, Hernán Lorenzino, classificou a decisão da Fitch como "um castigo" "pelo fato de o país ter autonomia para decidir sobre a sua política econômica".