Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Haitianos esgotam cota de vistos ao Brasil

Concessão de documento de permanência pelo governo para 2.400 famílias completa um ano; 1.500 estão na fila

Diplomacia brasileira teme que falta de documento estimule a imigração ilegal via fronteira amazônica

RENATO MACHADO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM PORTO PRÍNCIPE

Os vistos oferecidos pelo governo brasileiro têm sido insuficientes para a demanda de haitianos que querem se mudar para o Brasil.

Antes mesmo de a medida completar um ano, o consulado brasileiro em Porto Príncipe, capital do Haiti, parou de receber novos pedidos de vistos permanentes porque esgotou toda a cota prevista para até o fim de 2013.

Após uma onda de imigração ilegal de haitianos no Acre no fim de 2011, o Itamaraty anunciou a concessão de vistos para até 2.400 famílias haitianas que quisessem viver no Brasil. Seriam distribuídos em cotas mensais de cem neste ano e em 2013.

Um dos principais objetivos era coibir uma situação em que grandes levas de haitianos viviam em condições precárias, sobretudo na região norte brasileira.

Até o fim de novembro, o consulado brasileiro já havia emitido vistos para 1.100 famílias haitianas.

No entanto, a cota praticamente já se esgotou até o fim de 2013. Já foram realizadas entrevistas com os candidatos para a concessão de outros 1.200 documentos.

Apenas cem vistos estão sendo reservados pelo consulado brasileiro para possíveis casos de emergência -como tratamentos de saúde.

"Eu explico para quem vem ao consulado que o programa já terminou. Não há mais emigração para o Brasil dentro da resolução 97 [do Conselho Nacional de Imigração] a partir de 2014", disse o diplomata Vitor Hugo Irigaray, responsável pelo setor consular da embaixada brasileira no Haiti.

Mesmo com o fim dos vistos, houve cenas de aglomeração em frente ao prédio da embaixada e do consulado brasileiros para tentar conseguir o benefício.

Por isso o posto diplomático começou a receber grupos dessas pessoas e fazer uma espécie de lista de espera, que já tem 1.500 nomes de pessoas interessadas, caso a política de vistos seja ampliada -o que já é mais do que suficiente para preencher a cota de um ano.

ILEGALIDADE

Uma das preocupações da diplomacia brasileira com o fim dos vistos disponíveis é que ganhe força novamente a migração ilegal para o Brasil, com o auxílio de "coiotes" (atravessadores) e por pontos mais vulneráveis da fronteira amazônica.

"Uma coisa é certa: a grande maioria das pessoas que vêm aqui [sem conseguir o visto] são migrantes em potencial para o Brasil e irão de maneira ilegal. Essa é uma grande preocupação. Pelos comentários, nós vemos que eles estão dispostos a tudo", completa Irigaray.

Haitianos contam que "coiotes" cobram entre US$ 3.000 e US$ 4.000 para levá-los até o Brasil. Apesar do alto valor e dos riscos, muitos afirmam que esse será o caminho caso não consigam os vistos.

O Haiti, país mais pobre das Américas, foi vítima de um terremoto que matou mais de 200 mil pessoas em janeiro de 2010.

"Aqui não tem emprego e por isso eu preciso ir para o Brasil. Quero ir de maneira legal, mas, se eu não conseguir o visto, vou tentar de outras formas", disse Chilel Danger, 25.

O estudante Patrick Jean Philippe, 22, pede que o governo brasileiro disponibilize mais vistos.

"Tenho amigos que estão em Brasileia (no Acre) e que me dizem que é bom lá", disse Philippe.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página