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'Reconhecimento da ONU não tem valor', afirma fundador do Hamas

Em entrevista à Folha, Mahmoud al Zahar diz que apenas a resistência armada terá sucesso

Segundo Zahar, grupo islâmico espera uma nova investida de Israel e promete responder com ainda mais força

Suhaib Salem/Reuters
Passeata em Gaza celebra aniversário de 25 anos do Hamas e visita de Khaled Meshal, seu líder político exilado no Cairo
Passeata em Gaza celebra aniversário de 25 anos do Hamas e visita de Khaled Meshal, seu líder político exilado no Cairo
DO ENVIADO A GAZA

O médico palestino Mahmoud al Zahar, um dos fundadores do Hamas, não é homem de concessões.

Membro da alta cúpula do grupo islâmico, ele acha que o recente reconhecimento da Palestina como Estado observador na ONU não vale nada e que os 25 anos do Hamas provaram que apenas a resistência armada levará à independência palestina.

Cirurgião formado no Cairo, Zahar, 67, escapou de duas tentativas israelenses de assassinato, que custaram a vida de dois de seus filhos.

Uma delas foi em sua casa pintada de verde -a cor do Hamas-, no centro de Gaza, onde falou à Folha.

(MARCELO NINIO)

-

Folha - O sr. comemorou a vitória palestina na ONU?

Mahmoud al Zahar - Não importa o que a ONU aceita. O reconhecimento da Palestina em 22% do território por apenas 40% do povo palestino é inaceitável. A ANP (Autoridade Nacional Palestina) não representa os palestinos.

Se esse processo ocorresse dentro dos princípios básicos dos palestinos, nós aceitaríamos. Essas condições não foram atendidas, a começar pelo território de 1948.

O reconhecimento da ONU não tem nenhum valor?

Nenhum. A resolução não pode ser colocada em prática. Por muitos anos tentamos a resistência pacífica. Recorremos às ações militares porque ela fracassou. O Fatah negocia com Israel desde 1991 e não conseguiu nada.

O repúdio árabe ao plano de partilha da ONU, de 1947, foi um erro histórico?

Não, porque o plano deu menos que 50% do território aos palestinos. Mesmo se a partilha fosse aceita hoje, teria que ser condicional, sem o reconhecimento de Israel e sem abrir mão de nosso direito a toda a Palestina.

Qual o seu balanço desses 25 anos do Hamas?

Representamos a posição real do povo palestino. Na [última] ofensiva asseguramos que Israel pagaria caro por uma invasão. Acho que a mensagem foi entendida.

É hora de se concentrar na trégua e usá-la para dialogar ou se preparar para a guerra?

Não confiamos em Israel. Estamos esperando uma nova ofensiva israelense, mas dessa vez nossa reação será bem mais forte. Se houver resistência [armada] na Cisjordânia, acredite, Israel também sairá de lá. O problema não é só Israel, mas a ANP (Autoridade Nacional Palestina), que acredita que é possível chegar à solução por meio de negociações.

O Hamas planeja uma terceira intifada na Cisjordânia?

A população da Cisjordânia tem o direito de se defender com os meios possíveis.


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