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Análise

A guerra americana com os aviões não tripulados está fora de controle

GIDEON RACHMAN DO “FINANCIAL TIMES”

O que é pior? Encarcerar uma pessoa durante anos, sem julgamento, enquanto você tenta encontrar provas de que ela é terrorista? Ou matar alguém cujo nome você nem sequer sabe, porque seu padrão de comportamento sugere que seja terrorista?

A primeira estratégia -a detenção sem julgamento na prisão de Guantánamo- virou marca registrada da administração George W. Bush. O uso de ataques com drones (aviões não tripulados) para matar suspeitos de terrorismo virou marca registrada da administração Obama.

É difícil evitar a impressão de que Barack Obama é perdoado por sua política antiterrorismo implacável só porque sua imagem pública é tão positiva. Ele recebeu o Nobel da Paz, afinal!

No entanto, o passe livre de Obama para usar drones pode estar se esgotando. A ampliação deste programa americano pouco divulgado finalmente vem atraindo preocupações legítimas.

Kurt Volker, que foi embaixador dos EUA na ONU durante a administração George W. Bush, perguntou recentemente no "Washington Post": "O que queremos ser como nação? Um país com uma lista permanente de alvos a matar?... Um país que manda profissionais em algum centro de operações high-tech matar seres humanos do outro lado do planeta, porque alguma agência do governo determinou que esses indivíduos são terroristas?"

A diatribe de Volker reflete o mal-estar moral que muitos sentem diante da qualidade remota da guerra com drones, algo que lembra um jogo de computador. Mas, embora esses ataques possam deixar fácil e tentador demais matar alvos, o aspecto remoto do método é provavelmente a objeção menos coerente feita a essa campanha.

A maioria dos países gostaria muitíssimo de encontrar uma maneira de minimizar as baixas entre suas tropas.

A objeção mais séria aos drones é que eles confundiram a diferença entre guerra e assassinato de adversários. Uma pessoa suspeita de conspirar para cometer um ataque terrorista em solo dos EUA ou do Reino Unido pode ser presa e levada a julgamento. Mas, se os suspeitos se encontram nas áreas tribais do Paquistão, podem simplesmente ser detonados.

Muitos países -desde a Turquia até a Rússia e a China- alegam estar travando uma guerra contra o terrorismo. E se alguns deles começarem a seguir o exemplo dos EUA e decidirem eliminar inimigos em solo estrangeiro, usando ataques de drones? A tecnologia não é caríssima nem difícil de dominar.

Para reduzir a probabilidade da disseminação da guerra com drones -e para prevenir abusos no programa dos EUA-, os drones precisam sair do âmbito sigiloso.

A CIA pode gostar de ter sido convertida em força paramilitar. Mas as guerras devem ser travadas por militares e examinadas abertamente por políticos e pela imprensa. Qualquer outra coisa é perigosa demais para uma sociedade livre e para a ordem internacional.


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