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Cristina vê sua popularidade cair com crise

Presidente argentina terminará o ano de 2012 com baixo crescimento econômico (2%) e fraco apoio popular (36%)

Relação entre aceitação do presidente e gestão da economia é mais 'linear' na Argentina, dizem economistas

SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES

O ano de 2009 não foi fácil para o kirchnerismo. Conflito com os ruralistas, seca no campo, crise internacional, derrota nas eleições legislativas e popularidade do governo despencando a 22%, o nível mais baixo a que Cristina Kirchner chegou até hoje.

O crescimento do PIB naquele ano foi negativo (-3%), e a recuperação só começaria a vir novamente em 2010, com a economia voltando aos eixos e com a morte de Néstor Kirchner sendo muito bem capitalizada politicamente por sua viúva.

Agora, o ano de 2012 se encerra com outro descenso acentuado do desempenho da presidente, tanto em termos de crescimento do país (2%) como de sua popularidade, que chegou a 36%, segundo o instituto Poliarquía.

Os economistas em geral concordam com a relação direta entre saúde econômica e aumento da popularidade.

"No caso da Argentina, porém, parece ser muito mais automático; temos um comportamento mais linear e pragmático. O mesmo não acontece em vizinhos da região, como o Chile, para quem outros fatores além da economia importam à opinião pública, como a institucionalidade", diz à Folha o economista Marcelo Elizondo.

No Chile, apesar do bom crescimento em 2012 (5%), o governo Piñera atravessa uma de suas mais graves crises políticas, devido a uma série de protestos por mudanças nas áreas social e de educação.

Nos últimos 29 anos de democracia argentina, a principal razão para as grandes crises políticas foi econômica.

Nos anos 80, a hiperinflação fez com que Raúl Alfonsín (UCR) deixasse o cargo seis meses antes do previsto, e o colapso do sistema bancário, em 2001, provocou a queda de Fernando De La Rúa (também da UCR).

COMMODITIES

Até agora, o kirchnerismo vinha se apoiando nos excepcionais índices de crescimento dos anos 2000, motivados pela alta das commodities, principalmente da soja.

De 2011 para 2012, porém, esses bons ventos deixaram de soprar, com a diminuição das compras por parte da China e uma nova seca. De um crescimento de 7%, o país passará para magros 2% ao encerrar este ano.

"A situação econômica não é boa, mas não está tão delicada como em 2009. O desgaste político, portanto, existe, mas ainda não chegamos ao mesmo nível. Nem creio que chegaremos", diz o economista Nicolás Dujovne.

Para Elizondo, em 2009, havia questões internacionais com importante papel na crise argentina. "Hoje, os problemas são mais internos. Eles dizem respeito ao modo como o governo conduz sua política econômica, com alta inflação e grande intervenção do Estado", conclui.

Para Sérgio Berensztein, do Instituto Poliarquía, a opinião pública argentina é muito influenciada pela situação econômica. "A relação voto/sensação de estabilidade é muito forte. Se as pessoas sentem que o país vai bem, votam no governo. Foi o que aconteceu com os 54% que apostaram em Cristina."

Os economistas apontam para o "boom do consumo", característico dos anos Kirchner, como outro fator de apoio ao governo.

Como a inflação está muito alta (25% segundo consultorias privadas, apenas 9% segundo o governo), as pessoas têm a sensação de que o dinheiro vale menos e por isso compram imediatamente ao receber o salário.

"Por isso temos recordes de vendas de celulares, televisores, eletrodomésticos, até motos. As pessoas têm a sensação de que precisam comprar um bem que não seja devorado pela inflação. Isso passa a impressão de bonança econômica", resume Dujovne.

Se o consumo joga a favor do governo, a inflação pesa contra. Entre julho e agosto, a divulgação de dados maquiados do custo dos alimentos derrubou a aprovação de Cristina em cinco pontos.

"Como a economia não vai bem, Cristina aposta na batalha contra o Clarín. É sua chance de recuperar a imagem de seu governo", diz a jornalista Graciela Mochkofsky, autora do livro "Pecado Capital", sobre os enfrentamentos do grupo com distintos presidentes.


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