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Votação para Carta vira referendo sobre presidente do Egito

Eleitores formaram longas filas no Cairo para primeira etapa do pleito; a segunda ocorrerá no próximo sábado

Facções rivais se enfrentaram em Alexandria, trocando pedradas e disparos de fogos de artifício

MARCELO NINIO ENVIADO ESPECIAL AO CAIRO

Eleitores formaram longas filas ontem no Cairo para o primeiro dia do referendo constitucional que aprofundou a divisão entre liberais e islamitas e ameaça prolongar a instabilidade no Egito.

A intensa polarização política no país ampliou o significado da votação para além do controvertido projeto de Constituição, transformando-a em referendo sobre o desempenho do presidente islamita, Mohamed Mursi.

Os opositores do presidente e de seu movimento, a Irmandade Muçulmana, enumeravam as falhas da nova Carta, mas deixavam claro que o "não" seria um voto de protesto contra Mursi.

"Não li a Constituição, mas entendi pelos debates na TV que ela não atende às necessidades mais urgentes, como criação de empregos", afirmou o estudante Mohamed Eisham, 20, vestido com um agasalho do Al Ahly, o time mais popular do Egito.

Na mesma sessão eleitoral, instalada numa escola do humilde bairro de Khalifa, o marítimo aposentado Mitwaly Atia, 67, exibia orgulhoso o dedo pintado após votar a favor.

"Li todos os 236 artigos e estou convencido de que esse documento abrirá uma nova fase no Egito, acabando com os privilégios para poucos que havia antes", disse.

Sob a ameaça de repetição dos violentos confrontos das últimas semanas, milhares de policiais e soldados foram destacados para garantir a votação, que ocorre em duas etapas -ontem em dez províncias, no próximo sábado (dia 22) nas 17 restantes.

Na cidade costeira de Alexandria, a segunda maior do país, facções rivais se enfrentaram, trocando pedradas e disparos de fogos de artifício.

Houve ainda relatos de irregularidades em várias sessões. Em Alexandria, um grupo de mulheres bloqueou uma estrada em protesto contra a decisão de um juiz que as teria impedido de votar por não estarem usando o véu.

A principal aliança de oposição, a Frente Nacional de Salvação, emitiu um comunicado em que lamentou as irregularidades e apontou "o desejo da Irmandade Muçulmana de fraudar a votação".

COMPARECIMENTO

As longas filas derrubaram as previsões de que os eleitores ficariam indiferentes ou boicotariam a votação.

Anunciado com poucos dias de antecedência, o referendo de ontem não repetiu a profusão de cartazes eleitorais que cobriu o Cairo na campanha presidencial, e pegou de surpresa os observadores internacionais, que compareceram em pequeno número.

O referendo ocorre após três semanas de tensão, deflagrada pelo decreto que deu superpoderes ao presidente. Os opositores acusam Mursi de conduzir o Egito a uma autocracia islâmica.

"Um grande 'não' ao novo faraó", disse a analista política Eya Egazi, numa fila de votação perto da praça Tahrir, berço da revolução de 2011.


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