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Livros mostram cerco a grupos de ativistas da internet

Obras retratam formação do WikiLeaks e as chamadas 'guerras de criptografia', para tirar controle da tecnologia das mãos do Estado

NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

Semanas após Andy Greenberg lançar "This Machine Kills Secrets" (Esta máquina mata segredos), que tem por subtítulo "Como os WikiLeakers, os cypherpunks e os hacktivistas buscam libertar a informação do mundo", Julian Assange lançou seu próprio livro sobre o tema.

O título é "Cypherpunks", e o subtítulo, "Liberdade e o futuro da internet". Reprodução de um diálogo apocalíptico entre quatro herdeiros do movimento de mesmo nome, "Cypherpunks" é de certa forma uma resposta ao otimismo do livro de Greenberg, que cobre mídia para a "Forbes".

É também um esforço para evitar que a narrativa de sua história seja tirada das mãos dos próprios cypherpunks -ativistas que há mais de duas décadas, antes mesmo da web, já defendiam a disseminação de criptografia (técnicas para tornar mensagens ininteligíveis) para além dos órgãos governamentais.

Ao longo dos anos 90, lutaram as chamadas "crypto wars", guerras da criptografia, contra o governo americano, que buscava manter o controle da tecnologia. Se o Estado queria se comunicar em código para defender seus segredos, os cidadãos também tinham esse direito para se defender do Estado.

Eles venceram. E foi um software de criptografia desenvolvido originalmente para a Marinha americana, chamado Tor, que se tornou a base tecnológica para os vazamentos do WikiLeaks.

"This Machine Kills Secrets", que conta essa história e outras, é otimista quanto ao futuro, com novos e melhores WikiLeaks, por causa de softwares como Tor e outros a serem criados. Eles seguiriam permitindo os vazamentos anônimos dos segredos do Estado e das grandes empresas. A salvação está na máquina que mata segredos.

Já Assange e seus colegas, em "Cypherpunks", anteveem o contrário: um ataque crescente e avassalador do Estado e das grandes empresas aos segredos dos cidadãos. O livro é carregado de expressões como "a maior máquina de vigilância que jamais existiu", para descrever o Google e o Facebook.

Em poucos anos, afirmam, "a civilização mundial será uma distopia pós-moderna de vigilância".

Entende-se o tom sombrio de "Cypherpunks" pelo cerco ao WikiLeaks e aos hacktivistas em geral, nos últimos dois anos. Cerco que começou, coincidentemente, no momento em que Greenberg publicou uma longa entrevista de capa com Assange na "Forbes", base para seu livro.

O cerco está vencendo. Fonte das maiores revelações do WikiLeaks, Bradley Manning está preso. Assange está em prisão virtual, numa embaixada. E o vazamento de informações do Bank of America, anunciado na entrevista da "Forbes", foi inviabilizado quando um ex-membro do WikiLeaks, Daniel Domscheit-Berger, deixou a organização carregando os dados.

Greenberg, embora simpático à história dos cypherpunks em seu livro, compra no final a versão de Berger, de que o WikiLeaks foi longe demais, revelando segredos sem julgar consequências.

Considerado traidor pelos remanescentes, Berger também escreveu seu livro, atacando Assange, "Inside WikiLeaks". Os direitos foram comprados pelo estúdio DreamWorks.


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