Folha de S.Paulo

Análise

Só palavras do presidente do BC não salvarão o euro

Ah, o poder das palavras. O crédito para a restauração da aparência de estabilidade na zona do euro foi dado ao comentário feito em julho pelo presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, de que "será feito o que for preciso para salvar o euro".

Na verdade, a outra parte da frase que ele disse naquele dia em Londres -"acreditem em mim, isso será suficiente"- é mais relevante.

Draghi obteve dois feitos. O euro parou de derreter em relação ao dólar e caíram os "spreads" dos títulos da dívida da Itália e da Espanha. Isso aconteceu sem que o BCE ativasse "transações monetárias definitivas" -compra de títulos de países pressionados em troca de reformas.

Palavras não serão capazes de manter a zona do euro indefinidamente, entretanto. Investidores estão preocupados com o nível de complacência que se estabelece sempre que líderes europeus fazem o menor progresso.

Não resolverá apenas ter o BCE a postos quando o próximo estágio da crise acontecer. A habilidade de países que receberam socorro para satisfazer metas exigentes ficará em dúvida. Draghi deu um passo em direção à resolução da crise. Infelizmente, há muitos outros necessários.