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Análise

EUA mergulham às cegas no mesmo erro que a Europa: a austeridade duradoura

WOLFGANG MÜNCHAU DO “FINANCIAL TIMES”

Olhando da Europa para o impasse fiscal dos EUA, a impressão que se tem é de familiaridade estranha.

Os EUA ficaram muito europeus. Mas o problema principal não é a incapacidade de combater o deficit estrutural, como argumentou a "Economist" em matéria recente.

Receio que os EUA estejam mergulhando às cegas numa austeridade semiautomatizada, exatamente o erro que cometemos na Europa. O problema não é o tamanho da dívida, que nos dois casos é administrável, mas as políticas que usamos para lidar com ela.

As várias medidas incluídas no acordo orçamentário nos EUA implicam aumentos de receita da ordem aproximada de 2% do PIB.

Isso é o tamanho absoluto das medidas acordadas e não inclui cortes adicionais nos gastos que possam ou não ser adotados como parte do acordo sobre o teto da dívida.

A contração fiscal bruta dos EUA será maior que a do Reino Unido em 2013, mas não tão grande quanto as de Espanha, Portugal ou Grécia. Mesmo assim, isso fará dos EUA um membro honorário do clube da austeridade europeu.

Se existe uma lição maior a ser tirada da crise na zona do euro é que os multiplicadores fiscais -o efeito da austeridade sobre o crescimento- se tornam muito grandes quando a política monetária chegou ao limite do zero e todos buscam a austeridade ao mesmo tempo.

Os números mais recentes dos EUA mostram que a indústria manufatureira pode ter saído da recessão e que a taxa de emprego está subindo modestamente. Mas o tamanho das medidas fiscais tomadas pode muito bem desfazer essa recuperação incipiente.

A dinâmica para o médio prazo é ainda pior. Isso acontece porque a austeridade não é um choque dado uma só vez e cujos efeitos negativos poderiam se dissipar com o tempo -é um programa multianual.

O que me assusta é a probabilidade de a austeridade ser promovida por períodos mais longos, mesmo sob forma moderada.

Na Europa, essa austeridade congeladora assume a forma de cortes nos benefícios sociais. A margem de possibilidade de elevar impostos é relativamente pequena na maioria dos países.

Minha conclusão é que os índices de crescimento no clube da austeridade vão levar vários anos para retornar aos níveis anteriores à crise. Se os EUA virarem sócios plenos desse clube, prevejo que o mesmo aconteça lá.

Os EUA e a zona do euro se tornaram notavelmente semelhantes em suas respectivas patologias.

Tradução de CLARA ALLAIN


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