Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Venezuela faz festa de 'não posse' de Chávez

Governo organiza ato em Caracas para dar apoio ao presidente, que não pôde comparecer por estar internado em Cuba

Milhares entoam gritos de guerra pelo líder, que se trata de câncer; presidentes da América Latina comparecem

Leo Ramires/AFP
Apoiadores do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, entoam slogans em frente ao Palácio de Miraflores, no centro da capital do país, Caracas
Apoiadores do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, entoam slogans em frente ao Palácio de Miraflores, no centro da capital do país, Caracas
FLÁVIA MARREIRO ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

Hugo Chávez começou a cantar, com voz potente, o hino da Venezuela, acompanhado em coro por uma multidão nos arredores do palácio presidencial em Caracas. Tudo transmitido em cadeia nacional de rádio e TV.

A voz do presidente venezuelano era, porém, apenas uma gravação.

Em luta contra um câncer e hospitalizado em Cuba, Chávez não participou da festa montada em sua homenagem na capital do país, espécie de blindagem popular para a decisão do governo, chancelada pela Justiça, que adia, sem nova data, a posse do novo mandato presidencial iniciado ontem.

Foi o símbolo da ausência do presidente, reeleito em outubro para governar até 2019, sentida e chorada pelos chavistas vestidos de vermelho.

Símbolo também do esforço do governo de preencher o vazio deixado pelo esquerdista carismático, onipresente no país desde 1999.

Na falta de Chávez, no palco estava o apresentador de televisão Winston Vallenilla, do canal privado Venevisión, como animador do evento, que também teve a presença da venezuelana Ivian Sarcos, Miss Mundo 2011.

No chão, funcionários públicos e apoiadores de Chávez de Caracas e de fora da capital se aglomeravam, disciplinados, sob o lema da mobilização, "#YoSoyChávez" (Eu sou Chávez), estampado em camisetas distribuídas pelo governo, ou #YomeJuramentoconChávez ("eu juro com Chávez", em espanhol).

"Enquanto Chávez estiver vivo, será nosso presidente. É assim que deve ser", disse Dulis Méndez, 52, que viajou mais de dez horas para chegar a Caracas para a festa.

"O presidente somos todos nós. Chávez manda obedecendo ao povo", seguiu Méndez, que veio num ônibus pago pelo partido chavista, ecoando palavras do presidente.

Não longe dela, Ali Bazan, 44, um motorista de ônibus que passeava disfarçado de Chávez, com direito a boina vermelha, jaqueta com as cores do país, lábios carnudos e nariz como o do presidente, tirava fotos com os militantes. "Que o subam ao palco", pedia a comerciante Gelitza Ramírez, 32.

"Tenho fé que Chávez vai voltar. Se ele não está falando, é porque não pode. Essa última operação afetou seus pulmões", dizia Bazan sobre a falta de manifestações públicas de Chávez, que em 11 de dezembro se operou em Cuba e agora enfrenta uma "severa" infecção pulmonar.

Na solenidade discursaram os presidentes Evo Morales (Bolívia), José Mujica (Uruguai) e Daniel Ortega (Nicarágua) e o vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, Miguel Díaz Canel -todos aliados próximos de Caracas-, revezando-se em discursos que louvavam Chávez.

Foram seguidos pelo vice-presidente, Nicolás Maduro, que, respaldado pela Justiça, segue no cargo e no comando do país no novo mandato, o que a oposição contesta.

JURAMENTO

Maduro, escolhido por Chávez como seu candidato à sucessão se ele deixar definitivamente o poder, mesclou em suas palavras esperança sobre o quadro do presidente e uma advertência sobre a "complexidade" da situação.

Com a Constituição na mão, fez um "juramento" seguido frase por frase pela multidão, de braços ao alto.

"Juro, pela Constituição Bolivariana, que defenderei a Presidência do comandante Chávez nas ruas com a razão, com a verdade e com a força e a inteligência de um povo que se liberou do jugo da burguesia", começou.

"Aqui em Caracas, 10 de janeiro, dizemos a Chávez: comandante, recupere-se que esse povo jurou e vai cumprir lealdade absoluta", disse.

Antes, o vice havia feito referência ao apoio militar ao governo. "[Temos] uma Força Armada firme como esses aviões Sukhoi que cruzaram Caracas com uma mensagem clara de união cívico-militar", disse o vice, em referência às modernas aeronaves militares russas compradas por Chávez que sobrevoaram o ato momentos antes.

A certa altura do pronunciamento, a multidão entoou: "Com Chávez, Maduro, o povo está seguro!", primeira palavra de ordem que reconhece o vice como herdeiro.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página