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Livro tenta elucidar mistérios por trás da cientologia

"Going clear" é uma obra repleta de minúcias, cheia de histórias estranhas e acusações ao fundador da religião, L. Ron Hubbard

JANET MASLIN DO “NEW YORK TIMES”

O objetivo declarado de Lawrence Wright ao escrever "Going clear: scientology, Hollywood and the prison of belief" (Buscando clareza: a cientologia, Hollywood e a prisão da crença, em tradução livre) foi entender por que a cientologia -uma religião conhecida por seu mito de criação bizarro, por escarafunchar segredos de seus fiéis e pelo sistema de punições draconiano- atrai tantas pessoas. Muitas famosas, como o ator Tom Cruise.

Wright diz que passou boa parte da sua carreira examinando os efeitos de crenças religiosas na vida das pessoas. Ele fez isso de forma mais notável em "O Vulto das Torres", seu livro sobre os atentados de 11 de setembro de 2001 que recebeu o Pulitzer.

Mas ele foi mais bem-sucedido ao penetrar a Al-Qaeda do que ao tentar captar o que a cientologia tem a oferecer.

"Going Clear" é um livro repleto de minúcias, cheio de histórias estranhas e acusações ao fundador da cientologia, L. Ron Hubbard, e a seu volátil sucessor, David Miscavige (que, segundo alguém que foi pescar com ele certa vez, ficou tão impaciente depois de esperar cinco minutos que queria agarrar trutas com as mãos ou enfiar anzóis em suas goelas).

O livro é também cheio de depoimentos de ex-cientologistas que falam de como foram maltratados. Mas, com relação a como a religião funciona, seu criador explicou tudo muito melhor do que Wright é capaz de explicar. "Para manter uma pessoa no caminho da cientologia", disse Hubbard certa vez, "eu a alimento com um sanduíche de mistério".

"Going Clear" não tem muito mistério em seu menu. Mas tem Paul Haggis, roteirista ("Menina de Ouro") e diretor ("Crash -No Limite") como seu exemplo de conversão, fé, lealdade cega e, ao final, apostasia.

Jovem, inconformado e sem rumo na vida, Haggis era um recruta perfeito na época em que aderiu à cientologia, na década de 1970. Quando tinha evoluído o suficiente na escala Hubbard para ter acesso aos manuscritos do fundador, ele saiu de uma sala trancada perguntando: "É uma metáfora?" Não era.

Haggis aceitou esses dogmas durante décadas, até que um sentimento de ultraje acabou com sua lealdade.

O livro relata a história de Hubbard de modo imparcial. Wright acha que "o cabo de guerra entre cientologistas e anticientologistas em torno da biografia de Hubbard gerou dois arquétipos exagerados: a pessoa mais importante que já existiu e o maior embusteiro do mundo".

O autor percebe que "qualificar Hubbard exclusivamente como embusteiro significa ignorar os aspectos complexos, encantadores, ilusórios e visionários de sua personalidade, que o tornavam tão convincente".

Ele também procura correlacionar os extremos dos textos de ficção científica de Hubbard (ele foi tremendamente prolífico) com uma religião baseada em acontecimentos que teriam ocorrido há 75 milhões de anos, numa Confederação Galáctica comandada pelo tirano Xenu.

"Going Clear" parece ter passado por exame prévio cuidadoso de advogados (mesmo assim, contém material suficiente que poderia dar lugar a ações judiciais para que sua editora britânica, a Transworld, tenha desistido de sua publicação).

O livro, ainda sem título definido no Brasil, será lançado pela Companhia das Letras em junho.


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