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"El País" pede desculpas por publicar foto falsa de Chávez
DE SÃO PAULOO prestigioso jornal espanhol "El País" se desculpou ontem com leitores por haver publicado em seu site e na capa de sua primeira edição impressa uma foto falsa do presidente venezuelano, Hugo Chávez, há seis semanas hospitalizado em Cuba.
A imagem que mostrava um homem entubado -sem cabelo e de rosto redondo como o de Chávez- foi capturada de um vídeo do YouTube de 2008 e ficou no ar por cerca de meia hora. A foto foi imediatamente repudiada pelo ministro das Comunicações da Venezuela, Ernesto Villegas.
Villegas condenou o "sensacionalismo" do "El País" com os "sudacas" -termo pejorativo usado na Espanha para sul-americanos.
A Venezuela diz que moverá as ações legais cabíveis contra o jornal, sem aceitar suas "magras desculpas".
A presidente Cristina Kirchner, em embate com a imprensa privada da Argentina, fez coro. "É uma canalhice", escreveu no Twitter, ligando o "El País" aos seus inimigos do grupo argentino Clarín e ao britânico "The Sun".
O caso é mais um ingrediente na tensa relação do governo chavista com a mídia, ainda mais aguda na doença de Chávez. Enquanto jornalistas e opositores dizem que Caracas não é transparente -não se sabe o alcance nem o tipo do câncer-, os chavistas dizem que a mídia promove uma "guerra psicológica" de desestabilização.
Na nota "A foto que 'El País' nunca deveria ter publicado", o jornal disse ter sabido que a imagem era falsa "pelas redes sociais". "El País" afirma ter comprado a foto da Gtres Online, agência com a qual trabalha "há anos". Foi informado de que ela havia sido passada por uma cubana na Espanha cuja irmã foi enfermeira de Chávez.
Pelo Twitter, o diretor do jornal "El Mundo", Pedro Ramírez, disse ter se negado a comprar a foto, oferecida ao principal concorrente do "El País" por € 30 mil (R$ 80 mil).
O enredo tomou ar rocambolesco quando o jornalista italiano Tommasso Debenedetti, famoso por inventar entrevistas, disse à agência mexicana Notimex ter criado a foto e enviado às agências estatais cubanas e venezuelana e a uma da Costa Rica. As agências não comentaram.