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No aniversário da revolução, Egito tem protestos violentos e mortes

Ao menos 4 morreram e 370 ficaram feridos, em enfrentamentos entre manifestantes e polícia

Jornada marcou os dois anos do início dos atos populares que culminaram na queda do ditador Mubarak

CAROLINA MONTENEGRO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO CAIRO

Milhares de manifestantes com bandeiras do Egito, cartazes e máscaras foram ontem à Praça Tahrir, no Cairo, palco principal da revolução que pôs fim aos 30 anos da ditadura de Hosni Mubarak.

No aniversário de dois anos do início da revolta, eles voltaram à praça para protestar contra o atual governo do presidente Mohamed Mursi, islamita que venceu as primeiras eleições livres no Egito, pós-queda de Mubarak.

A jornada de protestos em todo o país deixou entre quatro e nove mortos na cidade de Suez, segundo as agências de notícias, e ao menos 370 feridos. Estima-se que 500 mil tenham ido às ruas.

Críticos de Mursi o acusam de trair os ideais da revolução e tentar sub-repticiamente instalar uma nova ditadura, usurpando poderes que não lhe competem.

Na cidade de Ismailia, manifestantes saquearam e atearam fogo no escritório da Irmandade Muçulmana, força política pela qual Mursi se elegeu. No Cairo, manifestantes tentaram romper o arame farpado em volta de um prédio do governo e foram dispersados pela polícia, que lançou gás lacrimogêneo.

Na frente do palácio presidencial, a polícia também jogou gás contra manifestantes que tentaram romper um cordão de isolamento.

DOAÇÕES

A Irmandade Muçulmana havia pedido que a revolução fosse celebrada com doações. Anteontem, Mursi fez discurso pelo aniversário do profeta Maomé e convocou os egípcios a comemorarem a data de "forma pacífica".

Mais de 15 partidos opositores mobilizaram protestos pela cidade, com a praça como ponto de encontro final.

A Frente de Salvação Nacional, maior bloco oposicionista, exortou a que houvesse manifestações "em todas as Praças Tahrir do país".

A controversa Constituição aprovada às pressas em dezembro passado é um dos principais alvos de críticas. Opositores apontam manipulação dos legisladores da Irmandade, com a intenção de impedir as reformas estruturais que eram o anseio dos protagonistas da revolução.

A nova Carta mantém os poderes que os militares tinham na era Mubarak, e não há, por exemplo, garantias aos direitos das mulheres.

"A Irmandade subiu ao poder, mas não mudou nada. Eles só querem se manter no poder, não têm compromisso com o social, com a economia. As pessoas estão frustradas", disse Ali Sadat, 46, vendedor de roupas.

Os manifestantes ainda se queixam de inépcia no combate à pobreza e à corrupção. A crise econômica impulsiona a indignação. Em 2012, o Egito cresceu apenas 2% e registrou desemprego de 12,6%.

Além de gritar "Abaixo Mohamed Mursi", os manifestantes que tomaram ontem o Cairo repetiam o mote que animou a revolta há dois anos: "Pão, liberdade e justiça social".


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