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Ex-agente da CIA é condenado a 30 meses
John C. Kiriakou havia revelado o nome de um agente envolvido em casos de tortura
Um ex-agente da CIA que se tornou um dos primeiros a revelar detalhes -e nomes- da prática da tortura de suspeitos de terrorismo por simulação de afogamento sob o governo George W. Bush (2001-09) foi condenado ontem a 30 meses de prisão.
Em um acordo com a promotoria, John C. Kiriakou, que trabalhou na CIA por 14 anos até 2004, havia se declarado culpado, em outubro, de violar a Lei de Proteção das Identidades de Inteligência.
O ex-agente, o primeiro condenado sob essa lei em 27 anos, revelara a um repórter o nome de um colega envolvido na tortura de suspeitos, legalizada sob Bush e vetada por Barack Obama em 2009.
"Este não é o caso de um delator, é o caso de um homem que traiu um juramento solene", disse a juíza Leonie Brinkema, da corte distrital de Alexandria, afirmando que a pena, fruto do acordo, era "leve demais".
Nos anos da chamada "Guerra ao Terror", que sucederam ao 11 de Setembro, o governo do republicano adotou a tortura por afogamento sob o nome legal de "técnicas duras de interrogatório".
O "New York Times" descreve Kiriakou, 48, como um agente que "desempenhou papel significativo em alguns dos principais feitos da CIA após 2001", incluindo a captura de um membro graduado da Al Qaeda no Paquistão.
A declaração que culminou na condenação ocorreu em 2007 e foi concedida a um repórter free-lancer que contatara o ex-agente após ele criticar a simulação de afogamento, então permitida, em entrevista à rede de TV ABC.
Na conversa com o jornalista, por email, Kiriakou citou o nome de um agente secreto envolvido nos interrogatórios. Ainda segundo o "Times", embora o nome não tenha sido revelado em reportagem, o jornalista o entregou a advogados de presos em Guantánamo, que o citaram em processos.
ANTECEDENTES
A promotoria também cita o ex-agente como fonte de uma reportagem do "Times" que dá nome a um agente, mas o jornal não confirma.
Em 2005, o chefe de gabinete do então vice-presidente Dick Cheney, Scooter Libby, foi condenado por perjúrio e obstrução da Justiça após revelar o nome da agente Valerie Plame a um colunista em retaliação ao marido dela, embaixador Joe Wilson, que criticara práticas do governo na "Guerra ao Terror". O caso virou filme.