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Índia defende uso de deficit fiscal para crescer

Ministro das Finanças indiano, Palaniappan Chidambaram, justifica subsídio ao diesel

PATRÍCIA CAMPOS MELLO ENVIADA ESPECIAL A NOVA DÉLI

Subsídios para combustíveis e deficit do Orçamento são inevitáveis em países em desenvolvimento. Essa é a opinião do ministro das Finanças da Índia, Palaniappan Chidambaram.

A Índia vem sendo ameaçada de rebaixamento pelas agências de risco, caso não reduza seu deficit, hoje em 6%. O governo anunciou aumento gradual no preço do óleo diesel, mas a medida foi considerada insuficiente.

À Folha, Chidambaram disse que correções serão feitas de tempos em tempos, mas subsídios para combustíveis são essenciais para conservar as florestas do país.

A visão contraria a posição de muitos economistas, de que subsídios estimulam o consumo de combustível fóssil e inibem o desenvolvimento de energia limpa.

Ao lado de Rahul Gandhi, Chidambaram é cotado para ser o próximo premiê do país, caso o Partido do Congresso se mantenha no poder.

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Folha - Uma das preocupações da agências de risco é a defasagem dos preços de combustíveis na Índia. O governo subsidia esses preços, que aumentam o deficit...

Palaniappan Chidambaram - Em um país em desenvolvimento, subsídios para alimentos, fertilizantes e combustíveis são inevitáveis. Aumentamos o preço das passagens de trem [dias depois da entrevista, anunciaram aumento gradual no óleo diesel]. Combustível precisa ser subsidiado num país que quer conservar suas florestas, senão as pessoas vão cortar as árvores para madeira.

Como é possível conciliar subsídios para combustíveis e redução do deficit?

Algumas correções de preços precisam ser feitas de tempos em tempos para conter o deficit. Mas num país em desenvolvimento você não pode ter como meta o deficit zero, senão você vai crescer a taxas muito baixas. Precisamos ter a habilidade de tomar emprestado -a próxima geração vai poder pagar a dívida. Até o Tratado de Maastricht [da União Europeia] prevê deficit de 3%

Como o Brasil, a Índia tem uma lei de responsabilidade fiscal. Mas vocês não cumprem a meta de deficit fiscal desde 2008...

Nos últimos anos, por causa da desaceleração mundial, tivemos que adotar pacotes de estímulo, e isso nos fez quebrar as regras de deficit. Mas estou confiante de que, com as reformas anunciadas, vamos atingir em 2016-2017 a meta de 3% de deficit.

A relação comercial com o Brasil ainda é muito limitada. Como mudar isso?

O comércio com todos os países latino-americanos é muito limitado, pela falta de conectividade, de contato entre empresas e governos, e por causa da distância. Mas estamos nos conectando intensamente com o Brasil por meio dos Brics e do Ibsa, e esperamos que a nossa conectividade melhore.

Qual é sua previsão de crescimento do PIB para este ano?

Entre 5,5% e 6%. Ficaria muito feliz se terminássemos o ano fiscal em março em 6%.

Este será o menor crescimento em cinco anos...

O crescimento desacelerou por causa da situação mundial e do petróleo.

Há uma percepção de que os recentes escândalos de corrupção paralisaram o investimento...

Escândalos de corrupção na Índia são tão normais quanto em outros países. No Brasil, os principais assessores do seu presidente foram punidos [referência ao ex-presidente Lula]. Isso não significa que todo mundo no Brasil é corrupto. Há casos isolados na Índia. Estamos fazendo uma campanha contra a corrupção, mas precisamos continuar com o governo em seu curso normal.


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