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Mão islamita 'aleija o governo', diz opositor

DIOGO BERCITO DE SÃO PAULO

Terceiro colocado na eleição que deu ao islamita Mohamed Mursi a Presidência do Egito, no ano passado, o opositor Hamdin Sabahi afirma que a gestão Mursi "falhou até agora em demonstrar sinais de vitalidade".

Para Sabahi, "existe uma pesada mão da Irmandade Muçulmana aleijando a Presidência e enviando sinais confusos para a sociedade".

Fundador da Corrente Popular Egípcia, que denunciou ontem a tortura e morte de um de seus militantes, Sabahi, 58, foi um crítico ferrenho do regime de Mubarak. Ele foi detido 17 vezes.

Em entrevista à Folha, Sabahi critica a Constituição aprovada no ano passado, após trâmite apressado por legisladores alinhados ao governo de Mursi. Ele enxerga na Carta um viés religioso.

"Todas as forças políticas rejeitaram enfaticamente a chamada 'Constituição', em forma e em substância", afirma. "Esse importante contrato social foi sequestrado por um comitê ilegal, desafiando as autoridades judiciais."

A principal crítica de Sabahi não é ao teor islamita do texto da Carta em si, mas "à maneira tirânica" com que o governo tem lidado com a direção do país. "O povo egípcio não aceitaria o retorno do regime de Mubarak sob um disfarce islâmico", afirma.

Uma das principais vozes da oposição no Egito, Sabahi preocupa economistas por sua retórica contrária ao livre-mercado e avessa ao empréstimo negociado com o Fundo Monetário Internacional -apontado por especialistas como necessário para o desenvolvimento egípcio.

"Nossa batalha hoje é contra a pobreza, o analfabetismo e a injustiça social", diz, quando questionado a respeito de uma de suas referências teóricas, o ex-presidente egípcio Gamal Abdel Nasser (1918-1970), que defendia o socialismo e o pan-arabismo.

"Estou determinado a não lutar hoje as guerras antigas, porque o terreno agora é totalmente diferente. Mas Nasser foi um grande herói, e uma de suas maiores vitórias foi a justiça social", afirma.

Outra de suas fortes posições, marca de sua campanha presidencial, refere-se à política externa. Ele afirma que, por enquanto, as relações internacionais do governo Mursi "não diferem daquelas do antigo regime".

Para Sabahi, é necessário colocar o Egito mais uma vez como uma liderança africana e árabe, recuperando o "sonho de todas as gerações": a unidade entre os países árabes (entre 1958 e 1961, o Egito se uniu à Síria na chamada República Árabe Unida).

"Nós acreditamos na paz, mas não a qualquer preço. Paz sem justiça é apenas a receita para a próxima guerra. Essa é a lição da história."


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