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Indicado para CIA defende uso de drones
Sabatinado em comissão do Senado, John Brennan diz, porém, que pode rever regras para emprego dos aviões-robô
Estima-se que 12% dos mortos em ataques desse tipo, em países como Paquistão e Iêmem, sejam de civis
Insistindo em que o governo dos EUA só autoriza o uso de drones "para salvar vidas", o indicado do presidente Barack Obama para comandar a principal agência de inteligência do país, a CIA, comprometeu-se ontem com o Senado a rever regras e investigar se há falhas sistêmicas nas operações.
Os drones -robôs aéreos pilotados à distância que os EUA usam para matar suspeitos de terrorismo em países como Paquistão e Iêmen- foram o foco da sabatina de John Brennan pela Comissão de Inteligência do Senado, com críticas e questões duras de republicanos e democratas.
Foram também alvo de um pequeno grupo de manifestantes do grupo Code Pink, que interromperam a sessão aos gritos de "drones voam, crianças morrem".
"Se for [aprovado] para a CIA, revisaria isso imediatamente e investigaria se há falhas sistêmicas", respondeu Brennan, hoje assessor da Casa Branca para contraterrorismo, ao ser confrontado pelo senador Saxby Chabliss com um relatório da comissão citando erros.
A copresidente da comissão ao lado de Chabliss, a democrata Dianne Feinstein, defendeu em seus comentários a criação de um tribunal especial para avaliar as diretrizes sobre o uso de drones.
Embora não tenha apoiado a criação da corte extraordinária, Brennan afirmou que as regras de operação deveriam ser mais claras e, sobretudo, mais bem informadas ao público americano.
O escolhido de Obama também admitiu que o governo precisa se manifestar quando mata civis nas operações com drones -especialistas estimam que 12% das mortes sejam de civis.
"Temos de otimizar a transparência sobre esses problemas", afirmou. "Mas também devemos otimizar o sigilo sobre as ações secretas. Não são coisas incompatíveis."
A resposta paradoxal veio depois de Brennan ser questionado sobre relatos de operações com drones que vazaram na imprensa -outro assunto de especial interesse da comissão.
Nesta semana, o jornal "The New York Times" publicou uma reportagem sobre uma base secreta de drones mantida pelos EUA na Arábia Saudita, e a rede de TV NBC levou ao ar um memorando sigiloso no qual o governo defende a autoridade do presidente para ordenar o assassinato de civis -inclusive americanos-, caso julgue que eles ameaçam o país.
No embate verbal, Brennan revelou manter um relacionamento frequente com jornalistas americanos para evitar a publicação de informações sobre operações com drones.
"Sempre trabalhei com repórteres e editores de jornais para manter segredos da Defesa deste país longe do acesso público", afirmou. O assunto veio à tona após a revelação, na véspera, de que o "Times" e o "Washington Post" retiveram por meses a informação sobre a base.
TORTURA
Apesar de exibir segurança ao responder, Brennan se atrapalhou ao falar de tortura. Após reprovar o uso da simulação de afogamento em interrogatórios, proibida por Obama, ele disse "não ser jurista para definir tortura".