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Tunísia enterra opositor em meio ao caos

Assassinato de Chokri Belaid, na quarta, evidenciou conflitos sociais e rachas no governo, que pode ser desfeito

País realiza a primeira greve geral em 34 anos; funeral reúne multidão, e polícia usa violência contra manifestantes

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em uma semana de grave crise política, a Tunísia enterrou, ontem, o líder de oposição Chokri Belaid com honras de mártir, no maior funeral do país desde a morte de Habib Bourguiba, líder da independência e primeiro presidente tunisiano, em 2000.

A cerimônia foi marcada por embate entre jovens manifestantes, que ateavam fogo em carros estacionados, e as forças de segurança, rebatendo com gás lacrimogêneo.

Belaid, 48, voz influente do secularismo e crítico ferrenho da influência islamita na Tunísia, foi assassinado a tiros na quarta-feira, diante de sua casa. Opositores culpam o partido governista Al Nahda, que nega participação no que chama de "crime político".

Ontem, Hamadi Jabali, primeiro-ministro tunisiano, afirmou ter desistido do plano de dissolver seu governo, diante do tumulto social. Mas ele disse, também, que irá insistir em formar um gabinete com ministros tecnocratas, conforme já havia proposto horas após a morte de Belaid.

A sugestão de Jabali causou constrangimento anteontem, quando o Al Nahda, seu próprio partido, foi a público discordar da dissolução do governo e anunciou estudar retirá-lo do cargo.

Organizada pela maior central sindical do país, a UGTT (União Geral dos Trabalhadores Tunisianos), a primeira greve geral convocada no país em 34 anos teve expressiva adesão.

Manifestantes tomaram as ruas, pedindo a queda do governo, no que seria uma "segunda revolução" -em 2011, o ex-ditador Zine al Abdine Ben Ali foi deposto após 23 anos no poder.

À Folha, no entanto, a UGTT afirma não ter interesse na deposição do governo. "Ninguém quer voltar ao estado de desordem", diz Sassi Nasiddine, diretor-executivo de pesquisa da central. "O que queremos é que o governo abra o diálogo com todos os partidos políticos para integrá-los à cena."

A oposição, diz Nasiddine, está interessada na proposta de Jabali de montar um gabinete tecnocrata. Mas também está aberta à contraproposta do Al Nahda de redesenhar a Assembleia Constituinte -em que o partido islamita conquistou 42% das cadeiras nas eleições gerais de 2011.

MÁRTIR

Ontem houve violência nas imediações do funeral de Belaid, a quem Nasiddine chama de "mártir".

O descontentamento popular na Tunísia é alimentado por tensões entre islamitas e seculares e também pela frustração diante da falta de progresso social e econômico desde a queda de Ben Ali.

O assassinato de Belaid inflamou a oposição, pondo em dúvida a vocação pacífica da revolução tunisiana, apontada como um exemplo diante das crises experimentadas na Líbia, no Egito e no Iêmen.

No Egito, ameaças de morte contra os líderes opositores levaram autoridades a destacar policiais para protegê-los de possíveis atentados.

Ontem, o custo para segurar títulos tunisianos contra o calote subiu ao maior nível em mais de quatro anos. A agência de classificação de risco Fitch ameaçou voltar a rebaixar a nota da Tunísia.


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