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Social faz de Correa favorito no Equador

Com misto de gasto público, distribuição de renda e ortodoxia econômica, presidente busca reeleição no dia 17

Esquerdista inaugurou período de estabilidade política após grave crise institucional e mantém má relação com a mídia

SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES

Avanços nos índices sociais, expansão dos planos de assistência e economia estável são os principais ingredientes da provável vitória do presidente Rafael Correa no primeiro turno das eleições presidenciais equatorianas, no próximo domingo.

Segundo as mais recentes pesquisas, Correa tem entre 46% e 48% dos votos, enquanto o segundo colocado, o ex-banqueiro Guillermo Lasso, de 8% a 11%, e o ex-presidente e militar Lucio Gutierrez, de 5% a 8%.

Para que não haja segundo turno, o candidato precisa ter mais de 40% dos votos e uma diferença de 10 pontos percentuais com relação ao segundo colocado.

No poder desde 2007, Correa é associado, para a maioria dos equatorianos, com uma celebrada estabilidade política do país, que viveu uma crise institucional de dez anos (1996-2006): teve nada menos que 15 presidentes.

"Sua fórmula é uma mistura de heterodoxia e ortodoxia. Não cometeu excessos, não desagradou a empresários e investiu muito no setor público. Cometeu erros em política externa e calou a mídia, mas deu aos equatorianos a esperada estabilidade", diz à Folha o cientista político argentino Juan Tokatlian.

Um dos principais trunfos de sua gestão foi o Abono de Desenvolvimento Humano (ADH), criado na gestão de Jamil Mahuad (1998), mas expandido por Correa. Com ele, as famílias de baixa renda obtêm US$ 50 mensais.

"Os planos sociais são a envergadura de projetos como o de Correa e de outros países como Brasil, Venezuela, Argentina. Foram uma forma de amparar os que nos anos 90 ficaram fora da proposta neoliberal e carregam forte conteúdo ideológico que dá suporte a esses governos."

O Equador mantém crescimento de 4%, enquanto a taxa de desemprego é 5%. É recordista em gasto público, que chega a quase 12% do PIB. Desde 2007, o governo triplicou o orçamento da saúde e dobrou o da educação.

"Um de seus principais desafios nesse novo mandato é avaliar a viabilidade de manter a economia dolarizada", avalia Tokatlian.

No que diz respeito à liberdade de expressão, o Equador de Correa coleciona críticas e repúdio internacional. Desde 2007, o presidente expropriou canais de TV e rádio, fez uso discriminatório de verba para publicidade oficial e buscou condenação judicial por injúria de jornalistas que criticam o governo.

Hoje, os meios governistas são mais de 40. Jornalistas independentes atuam acuados ou fogem para o exterior.

SUBSTITUTO DE CHÁVEZ

Na política externa, Correa melhorou nos últimos anos a relação com a Colômbia, com quem mantém delicados laços em razão da ação das Farc na fronteira. "O erro foi não se aproximar dos países da Aliança do Pacífico, manter posição ambígua com relação ao Brasil e essa distância dos EUA. Isso causou certo isolamento", diz Tokatlian.

Desde 2009, o país integra a Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América) e é um aliado estratégicos de Hugo Chávez.

"Correa tem ambições de ocupar um papel mais protagonista com a saída de Chávez do cenário. Não será possível porque Chávez é insubstituível no papel a que se propôs. E Correa não atingiu, internamente, um consenso como o do venezuelano", completa o analista argentino.

Correa tem 49 anos e é formado em economia, tendo estudado na Bélgica e nos EUA. As eleições definirão também as 137 cadeiras da Assembleia Nacional do Equador.


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