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Transição na igreja

Sacerdote coordena 12 igrejas no Amazonas

Padres recebem auxílio de leigos na condução de paróquias no país

Católicos investem na formação de indígenas como religiosos nas regiões de difícil acesso perto da fronteira

KÁTIA BRASIL DE MANAUS

Faça chuva ou faça sol, o padre amazonense Geraldo Bendaham, 45, viaja de barco pelo rio Negro ou de carro por vias de terra batida das rodovias para celebrar missas, casamentos ou batizados nas 12 igrejas que coordena em comunidades ribeirinhas da zona rural de Manaus.

Há cerca de quatro anos ele é o único padre da paróquia de Nossa Senhora das Graças, no bairro Colônia Antônio Aleixo, zona sul da cidade. A paróquia tem cerca de 2.000 fiéis ribeirinhos.

Bendaham afirma que chega a celebrar seis missas e que a paróquia precisaria de ao menos dois padres para suprir o deficit atual.

Formado em teologia e comunicação social, o padre estudou dois anos em Roma antes de assumir a paróquia, em 2009. Ele diz que nas igrejas mais distantes só celebra missas duas vezes por mês.

Devido à falta de padres, conta com a assistência de um diácono. Bendaham diz que os ministros leigos, catequistas, também auxiliam na pregação.

"Nós queríamos mais padres. Mas como não tem, a celebração da palavra de Deus é feita pelos diáconos e pelos leigos", diz.

Segundo o bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus, dom Mário Antônio da Silva, 46, em Manaus existem 90 paróquias e cerca de cem padres. A igreja tem cerca de 40 diáconos. Ele afirma que a falta de padres nas igrejas não é uma questão nova.

"Sempre percebemos que há necessidade de mais vocações. Isso não significa que o número seja puro e simplesmente insuficiente. A Igreja sempre fez um apelo. Deus nunca deixa de chamar. Nem sempre o ser humano se dispõe a responder à altura."

FRONTEIRA

Há quatro anos dom Edson Damian, 65, é bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira (860 km de Manaus), na fronteira com a Colômbia. Segundo ele, das 10 paróquias na região, 7 ficam em locais de difícil acesso, no meio da floresta amazônica.

Sacerdotes são deslocados da cidade para a paróquia de Pari-Cachoeira. Viajam três dias de barco pelo rio Negro e seus afluentes. A diocese tem ao todo 18 padres e tem um deficit de dois sacerdotes.

"As paróquias estão muito distantes uma das outras. Devido ao isolamento, precisaríamos de dois padres em cada paróquia."

Com cerca de 90% da população (cerca de 38 mil pessoas) de São Gabriel formada por índios, dom Damian diz que a Igreja Católica tem investido na formação de indígenas. Dos 18 padres atuais, quatro são índios. Outros sete seminaristas indígenas estão estudando teologia em Manaus.

"Não temos padres suficientes, não temos recursos. Ordenar um padre indígena é um grande bem. Quando se trata de evangelização na cultura indígena, quem vai realizá-la mesmo é o clero local, que conhece a cultura."


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