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Análise Equador

Presidente tem se aproximado do 'modelo Lula'

Reeleito, Correa aposta em gestão que combina atração de investimento estrangeiro com novo perfil de gastos

RICARDO SENNES ESPECIAL PARA A FOLHA

Rafael Correa é um politico hábil e peculiar. Apesar de forte componente ideológico em sua retórica, Correa tem se mostrado moderado, seguindo um modelo econômico de centro-esquerda.

Pode-se dizer que tem se distanciado do modelo bolivariano e se aproximado do "modelo Lula".

Com um Produto Interno Bruto modesto -cerca de US$ 70 bilhões-, o Equador tem sustentado um crescimento econômico razoável, com taxas de 5% ao ano em média.

O crescimento está em larga medida associado ao crescimento das exportações de commodities (mais de 50% petróleo) e atração de investimento estrangeiro, mesclado com a alteração no perfil dos gastos públicos, focando em investimentos em infraestrutura e políticas sociais.

No campo das políticas sociais se destacam os investimentos em educação que passaram de 2,5% para 6% do PIB. Tem promovido também forte aumento do salário mínimo e do microcrédito para trabalhadores informais, assim como um programa semelhante ao Bolsa Família.

Seu discurso diplomático está recheado de palavras de ordem nacionalista e, algumas vezes, bolivarianas. Contudo, sua estratégia internacional tem combinado esses discursos com alianças multinacionais com Canadá, EUA, Espanha e Argentina para, em parceria com a Petroecuador, expandir a fronteira de produção de petróleo na região amazônica.

Tem desenvolvido especial relação com a China, tanto como exportador como captador de empréstimos, sendo a maior parte dos financiamentos atrelada à venda de petróleo.

Correa repete uma estratégia política conhecida na América Latina: dirige sua retórica externa com forte traço nacionalista e anti-imperialista para sua base de esquerda descontente com sua gestão pragmática.

Correa se favorece da experiência traumática da população equatoriana nos anos 90 e início dos 2000, quando a crise econômica foi combinada com uma implosão política do país.

Ao conseguir garantir nos seus anos de mandato estabilidade política, crescimento econômico e melhoria nos índices sociais, é um claro contraponto às forças políticas tradicionais.

Com essa estratégia de governo não é de se surpreender que a base política de Rafael Correa tenha se alterado ao longo de seus mandatos. Em 2006 foi candidato de uma ampla aliança de grupos políticos e movimentos sociais de esquerda, com forte penetração no interior do país e importante apoio de grupos indígena. Em 2013 sua base eleitoral se diversificou.

Enfraqueceu sua penetração no interior do país e se consolidou nos grandes centros. Atualmente, sua base eleitoral ultrapassa as divisões de classe social.

Embora hoje conte apenas com o apoio de dois dos 30 grupos políticos que o apoiaram em 2006, beneficia-se de uma oposição desacreditada e desorganizada.

O presidente Correa tem se mostrado um político carismático e pragmático. Embora tenha cometido vários erros, tanto na condução da economia como da política externa, não costuma repeti-los.


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