Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Transição na igreja

Papa Bento 16 deverá baixar normas para eleição do sucessor

Vaticano sinaliza que o pontífice irá legislar para que a votação para escolher novo líder católico seja antecipada

Porta-voz do Vaticano diz que Bento 16 irá fazer "motu próprio", em geral usado para alterar a Constituição

CLÓVIS ROSSI ENVIADO ESPECIAL A ROMA

O papa Bento 16 dirá, nos próximos dias, a última palavra sobre o conclave que elegerá seu sucessor.

Foi o que anunciou ontem o Vaticano, deixando claro que não se trata de baixar normas teológicas ou pastorais, mas de um "'motu proprio' para dar precisão a alguns pontos particulares da Constituição Apostólica sobre o conclave", conforme uma nota lida pelo padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.

"Motu proprio" quer dizer, literalmente, "de iniciativa própria" e serve para designar indicações normativas da Igreja Católica. Lombardi disse não saber se o papa esclarecerá "a questão do tempo de início do conclave".

O documento papal deverá também buscar harmonizar a Constituição Apostólica com "outro documento que diz respeito ao conclave, o Ordo Rituum Conclavis" (que estabelece os passos a serem dados imediatamente após a eleição do novo pontífice).

É razoável supor, apesar das reticências de seu porta-voz, que a palavra do papa tratará, sim, da antecipação do conclave, que a Constituição Apostólica joga para 15 a 20 dias depois do início da vacância do papado, pela morte ou renúncia do titular.

Ontem, o historiador da igreja Ambrogio Pazzoni, vice-prefeito da Biblioteca Vaticana, deixou claro como se daria a provável antecipação:

1 - Até o dia 28, quando deixa o Vaticano, só o papa pode alterar a Constituição Apostólica e, portanto, reduzir o período para o início do conclave. O "motu proprio" seria o caminho adequado.

2 - Ainda que Bento 16 não tome essa iniciativa, o Colégio de Cardeais, que assume a administração do cotidiano da igreja após a saída do papa, pode mudar o prazo, sem mexer na Constituição, coisa que só um papa pode fazer.

Os cardeais interpretariam o texto constitucional que diz que o prazo de 15 a 20 é dado para que os cardeais possam chegar a Roma, após a morte/renúncia do papa.

3 - A expectativa é de que todos os cardeais já estejam em Roma até dia 27 ou, no máximo, 28, dias em que o papa se despede primeiro publicamente e, depois, dos cardeais, Logo, uma interpretação flexível da Constituição é perfeitamente aceitável.

4 - Resta saber se todos os cardeais estarão de acordo com a antecipação, como as regras exigem. O americano Timothy Dolan (Nova York), voz muito ouvida no Vaticano, já declarou que não se deve apressar o conclave. "É preciso paciência porque há muitas coisas delicadas a enfrentar", disse a "La Stampa".

Essas "coisas delicadas", entre elas e principalmente o nome do novo papa, começarão a ser discutidas formalmente no dia 1º, quando se reúne a Congregação Geral (informalmente, já estão sendo discutidas a rigor desde que o papa anunciou a renúncia).

É razoável supor que nessas reuniões serão selecionados os nomes realmente viáveis, de maneira a evitar um conclave muito longo.

De todo modo, o historiador Pazzoni lembra que, após 34 votações, que tomarão 12 dias, os cardeais, desde que decidam unanimemente, podem alterar o critério de eleição que, até lá, exige o voto de dois terços dos presentes para consagrar um papa.

No 35º escrutínio, a eleição pode ser por maioria absoluta, em vez de 2/3, ou em "ballotage" (escolha apenas entre os dois mais votados).


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página